quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O pedido oficial de férias

Apesar de estar de "férias" (com aspas) desde outubro, entrarei em férias (sem aspas) a partir de hoje.
O destino:



Pela primeira vez irei como turista mesmo.
Espero que consiga visitar os lugares planejados.

Deixarei os posts sobre teoria econômica para a vida nerd que se iniciará já nos primeiros dias de 2010.
Se der tempo, posto algum assunto sobre o dia-a-dia.

Abraço, feliz natal e próspero ano novo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Folha de São Paulo, 13/12/09 - Coluna do Tostão

"O mundo do futebol é parecido com o da política e de parte da sociedade. O Brasil é o país da troca de favores, do 'é dando que se recebe', das patotas, do corporativismo e do nepotismo.
Cada vez mais, as pessoas não se preocupam em ter amigos, ser amadas e ter bons relacionamentos pessoais. Querem ser admiradas, bajuladas e ter ótimas relações profissionais. Só pensam na carreira e no sucesso.
A troca maquiavélica de favores é caminho para a corrupção, outra praga nacional. O corrupto se relaciona muito bem com outro corrupto. Adoram trocar panetones.
O corrupto costuma ser tão social, tão gentil, que até parece ser sério. Para diminuir bastante a corrupção, não bastam duras leis. É necessário também diminuir a promiscuidade social."
(Tostão, grifo meu)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

As origens hoje contestadas da teoria microeconômica

Nos cursos de microeconomia ministrados na graduação, em geral, se aprende a microeconomia reducionista. É isto que o Professor da USP Eleutério F. S. Prado sustenta em seu artigo "Microeconomia reducionista e microeconomia sistêmica".

O estudo da microeconomia busca avaliar e sistematizar o comportamento dos agentes econômicos, sejam eles indivíduos, empresas, ONGs ou outras organizações que participam ativamente do giro econômico. A compreensão do comportamento dos agentes e dos mercados onde interagem é essencial para a formação do economista.

Decisões como o que comprar, quanto poupar, onde e quantas horas trabalhar, que preço cobrar por determinado produto e que estratégia adotar para aumentar as vendas; somente como exemplo, são estudadas pelos microeconomistas (Microeconomia - Biblioteca Valor - é um livrinho de bolso, para quem deseja ter uma brevíssima introdução ao assunto).


*O livro acima é considerado um dos melhores livros de Microeconomia para Graduação

A microeconomia reducionista tem origem na virada do século XIX para o XX. Economistas neoclássicos optaram por modelar o assunto através de identidades matemáticas. Para facilitar a modelagem, criaram uma série de pressupostos - os quais são questionados hoje.

Os pressupostos centrais são:
1) Agentes agem unica e exclusivamente de maneira racional;
2) Agentes possuem informação simétrica e completa (pode obter qualquer informação a custo zero).
3) - Consequência direta do item 2 - não há custos de transação.

Nos próximos dias falarei especificamente de cada um destes itens, explicando seus conceitos originais e mostrando os avanços realizados no questionamento destas hipóteses.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quando eu crescer...

Continuando as publicações sobre escolhas profissionais...
Hoje rechaçarei os imediatistas iludidos e também os pais dos mesmos.
A ideia central é refutar o pensamento de que algumas profissões "dão dinheiro" e outras não.

Em geral a opinião dos pais tem peso importante na decisão de qual profissão seguir. As opções preferidas dos progenitores, por minha experiência campo-grandenese, são as formações tradicionais: direito, medicina e, as vezes, engenharia.


Não tenho nada contra quem opta por uma destas por real afinidade. Do contrário, engana-se quem desinteresse pelo estudo da profissão tem e mesmo assim decide finalizar o curso de formação. Quem já ouviu Waldez Ludwig  provavelmente escutou: "tem que gostar do que faz" (há vários videos no youtube, basta pesquisar - recomendo, sobretudo, a entrevista com o Jô). O tesão pela perfeição profissional torna o indivíduo uma referência. Estudar, trabalhar, ralar e inovar. Como já disse Thomas Edison, "um gênio é um por cento inspiração e noventa e nove por cento transpiração".

Há espaço em qualquer profissão para pessoas de destaque. Darei um exemplo familiar. Meu primo Fred Hildebrand.

Ele optou por fazer faculdade de artes visuais na UFMS. Estudamos juntos desde a primeira série do ensino fundamental. Naquela época ele já desenhava bem melhor que todas as outras crianças. Ele estudou, aprimorou teoria e prática, além da cultura que este tipo de curso proporciona. O resultdado já começou a aparecer. Hoje é responsável pelos desenhos e direção de arte da revista em quadrinhos Patre Primordium (site aqui). É absoluta a certeza do excelente profissional que será, ainda mais em um ramo pouco explorado como este (no Brasil).

Querer dinheiro é fácil. Difícil é entender que a recompensa aparece naturalmente aos bons.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

As opções profissionais dignas em Advancedia

Em advancedia não haverá profissionais que não sejam médicos, advogados e engenheiros.
Historiadores, geógrafos, jornalistas, sociólogos e economistas são profissões auxiliares (todo mundo vive sem).
Escolas ligadas a cultura então, não existirão. Antropólogos, cineastas e artistas de todos os quilates serão simplesmente profissões em extinção. Os pais estudados e bem sucedidos sabem que tais profissões não dão dinheiro o reconhecimento que seus filinhos queridos merecem.

Filho de pai bem sucedido tem carreira tradicional e ganha muito dinheiro por isso.

O governo de Advancedia está preocupado. É cada vez menor a cultura disseminada no local.
Resolvem então criar um cronograma de obras objetivando resolver o problema. Bilhões serão gastos.
Teremos novos teatros, conchas acústicas, espaços para shows e até novos estádios de futebol (as chamadas arenas multi-uso). Assim os homens públicos lavam suas almas. Fizeram a sua parte.
Mas que fique bem claro: filhos de homens públicos (de sucesso) não trabalharão nestes ramos!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O infeliz imediatismo financeiro

Hoje me ocorreu algo relativamente freqüente. Aparentemente ainda tenho perfil físico de estudante universitário de graduação e por isso as pessoas sempre me questionam: - Tá na faculdade? Eu sempre respondo: - Não, já terminei. A segunda pergunta sempre é dupla: Tá trabalhando? Tirando uma boa grana?

São vários os especialistas que apontam o imediatismo financeiro como o próximo mal do século. Eu já vejo por dois lados. Há uma linha racional nos jovens imediatistas, apesar destes serem a grande minoria. A maior parte, como dizem os especialistas, é de jovens imediatistas “iludidos”. Acham que o reconhecimento financeiro deve ser, além de imediato, sem esforço.

Durante a faculdade vários colegas reclamavam aos professores que “puxavam” muito a matéria. Não queriam muita exigência. Boa parte queria apenas o título de nível superior. Encontrei um calouro no banco e ele me perguntou se eu já havia formado. Respondi afirmativamente. A segunda pergunta foi a mesma do primeiro parágrafo.

Não sou idiota a ponto de pensar em um mundo como o de Alice, onde todos estudam unicamente pelo doce sabor do saber. Todavia, creio que antes da recompensa há muitas horas de estudo e trabalho árduo. O fluxograma (ridículo) abaixo ilustra o fato:



É notável que o caminho racional é longínquo. Até porque o dinheiro no fim do trajeto pode ou não aparecer. Pode ou não ser o esperado de início. Trata-se de uma questão de probabilidades, contatos, competência e auto-crítica.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O trânsito em Campo Grande (MS) - Parte II

Antes de mais nada, quero deixar claro que o texto abaixo AINDA não tem comprovação cientítica. São palpites com algum cunho teórico e poucas evidências empíricas.

Os dados do post de ontem são relativos a acidentes. Há também dados referentes às infrações cometidas no trânsito. Referente ao ano de 2008, as informações estão na tabela abaixo.



Tão importante quanto a tabela é retratar a variabilidade da quantidade de infrações. Durante 2008, em três meses (Jan, Set, Dez) houveram mais de 8 mil infrações registradas; na casa das 7 mil infrações também houveram três meses (Mai, Jul, Nov). O mesmo ocorre com a faixa de 6 mil e 5 mil infrações, respectivamente, nos meses Abr-Jun-Out e Fev-Mar-Ago.
A variabilidade também é presente em quase todas as infrações, se observadas individualmente. Alguns meses há um grande número no registro das mesmas, enquanto em outros meses a quantidade registrada cai a 25% do maior valor.

As principais conclusões são:
  1. O comportamento no trânsito, em geral, não varia tanto de mês para mês. O que explica a variabilidade no registro de infrações é a fiscalização irregular.
  2. Avançar sinal é apenas a quarta infração mais registrada. Falar ao celular apesar de ser a segunda, tem volume inferior a metade da primeira. Basta passar meia-hora no trânsito da capital do estado para questionar estas estatísticas. 
  3. A faixa de idade na qual ocorrem mais acidentes pode ser relacionada com a fase na qual o condutor normalmente tem mais renda. O peso da multa no orçamento é pequeno e este já está mais habituado a impunidade.
  4. Se com todos os registros oficiais o trânsito de Campo Grande já é considerado violento, imagina se houvesse estimativa dos acidentes e infrações que não são computados no DETRAN.
No best-seller Freakonomics, os autores fazem um estudo sobre a violência nas cidades americanas e chegam à seguinte conclusão: a impunidade é o maior incentivo. Não adianta aumentar a pena (valor da multa e pontos na carteira, por exemplo). Deve-se aumentar a probabilidade de ser pego em flagrante, no caso do trânsito.
Isto poderia ser feito instalando câmeras nos principais cruzamentos da cidade.

Só para finalizar, não pretendo entrar no assunto "as crianças aprendem a esquivar regras ao verem seus pais o fazendo"... pois aí seriam mais alguns posts e a paciência com o trânsito já se esgotou. Faz tempo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O trânsito em Campo Grande (MS) - Parte I

Dirijo a exatos três anos em Campo Grande. Desde que comecei, fico mais atento ao comportamento do campo-grandense (em geral) nas ruas e avenidas da capital. Hoje pela manhã levei minha mãe e irmã aos seus respectivos locais de trabalho. Em pouco mais de 20 minutos de trânsito vi quatro “furadas” de sinal (3 motos e 1 caminhoneta) e uma infinidade de pessoas falando ao celular enquanto dirigem. A noite fui a um drive-thru, cujo trajeto – ida e volta – demorou uns 15 minutos. Foram mais quatro avanços de sinal (3 carros-passeio e 1 moto-entrega).

Resolvi procurar informações na internet. Já sabia que o trânsito de Campo Grande é considerado o mais violento do país (capitais), conforme matéria do profissão repórter, da TV Globo (ver reportagem aqui).

Fui ao sítio do DETRAN-MS e colhi algumas informações. Fiz uma tabela com o ano de 2008, pois ainda falta muitos dados de 2009. Para quem não sabe, Campo Grande tem cerca de 755 mil habitantes (IBGE, 2009).



Em 2008 foram registrados pelo DETRAN exatamente sete mil acidentes, sendo 68% destes com vítimias não fatais e 1% com vítimas fatais. Dos acidentes sem vítimas, 91% foram por veículos de quatro ou mais rodas. Já se tem a primeira conclusão importante: motociclistas tem apenas 9% de chance de saírem ilesos de acidentes.

Outra informação importante é a faixa etária. Ao contrário do que se imagina, a maior parte dos acidentes acontece não com os jovens, mas com pessoas mais maduras (não idosos). Metade dos acidentes sem vítmias envolve pessoas na faixa entre 30-59 anos; 30% na faixa 18-29 anos. O mais engraçado é que 20% está na faixa do... não informado! Estranho, não? Com vítimas, a faixa 30-59 permanece a mesma e a 18-29 sobe para 40%...

Agora vamos ao que mais me chamou a atenção. Foram registradas 83 mil infrações em 2008. Mais de uma para cada 10 habitantes. Se considerarmos que cerca de 65% da população está perfeitamente apta a dirigir e que metade destes têm meios privados de transporte, têm-se, aproximadamente, 30% da população dirigindo todos os dias. Isso dá um total de 220 mil pessoas. Agora a quantidade de infrações/ano por motorista é de pouco mais de 1 infração para cada 3 habitantes.

Chega de informação por hoje. Amanhã eu continuo com minhas críticas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Faca de dois gumes

Não é recente a disputa entre financistas liberais e restritivos.
Enquanto a teoria mainstream aponta a favor dos primeiros, os dados empíricos dão causa favorável aos segundos. Isso é o que demonstra artigo recente publicado pelo IPEA (download aqui).


O texto é escrito por pesquisadores de linhagem Keynesina, com ligação à UFRJ. O que chama atenção no assunto é que os liberais costumam ser os defensores árduos da comprovação empírica...

O resumo da ópera, para países emergentes, é:
a) Argumentos favoráveis à abertura financeira: Teoria dos Mercados Eficientes (informação simétrica e racionalidade dos agentes) + Teorema Hecksher-Ohlin (retornos inversamente proporcionais a disponibilidade de fatores);
b) Argumentos desfavoráveis à abertura: Teoria da Informação Assimétrica + Teoria dos Custos de Transação (custos de obtenção de informação endêmicos nos mercados financeiros)

A análise realizada no estudo, para o Brasil, remete ao item "b". Neste sentido, são outros os fatores que determinam fluxos de capital ao país, que não a liberalização financeira. Além disso, não há evidência de associação entre variáveis de interesse (PIB, juros e preços) e liberalização.




A consideração (talvez infeliz) do blogueiro é que mesmo com liberalização gradual desde 1994, o país sofreu sucessivas variações nas contas de capital, todas elas ligadas a crises financeiras internacionais (ponto relevado no texto), vide a atual crise financeira mundial. Na teoria, o fluxo de capital é motor importante do crescimento. Na prática, a súbita redução do fluxo provoca um pânico desnecessário e maléfico à economia do país.
Todavia, o Brasil (capa da Economist de semanas atrás) é visto como um bom investimento na pós-turbulência, muito em função de medidas liberais adotadas recentemente. Resta saber a quem será favorável o próximo capítulo dessa história sem fim.

domingo, 29 de novembro de 2009

Advancedia - I

Advancedia não era um país, tampouco um estado.
Advancedia era um local e um objetivo.

Seu nome surgiu de uma aglutinação pouco provável.
O povo queria um nome moderno, em língua estrangeira.
Ao mesmo tempo, era necessário deixar claro o tipo de avanço a ser realizado.

Advancedia é Advance + cedia. A justificativa é: Advance - avante, além, complexo e moderno. O Cedia era para lembrar de enciclopédia. Neste sentido faltou criatividade ao povo.

O projeto Advancedia surgiu na capital do país. Apesar de uma cidade moderna na arquitetura, o mesmo adjetivo não acompanhava os representates do povo. Faltava boa vontade e civilidade.

De início, pensou-se em criar um regime comunista e igualitário. Os marxistas aguaram.
Surgiram protestos. Afinal, os porcos tornavam-se bípedes depois de poucos copos de poder. Advancedia não seria utópica, seria real. E o debate seria parte da essência do local.

Sangue derramado. Advancedia seria uma economia de mercado.
Argumentos não faltaram, sem falar que o marketeiro direitista era mais competente.

O próximo passo era definir o quadro político...

sábado, 28 de novembro de 2009

Explicações complexas

Meu vizinho é palmeirense. Em 2008, o Palmeiras foi campeão paulista, todos sabem.

Meu vizinho tem dois filhos, na faixa 4-7 anos. Essa é a idade na qual se começa a curiosidade do futebol. Quem gosta, sabe.

Sou são paulino. Em 2008 recebi um presente de vizinho: 24h (com intervalos) de hino do palmeiras. Volta e meia encontro os filhos do vizinho no hall do condomínio. Volta e meia eles cantarolam o hino do Palmeiras.

Saquei a estratégia. Lavagem cerebral nos garotos!

Hoje de manhã escutei: - GOOOOLLLL... do Palmeiras! Era o vizinho e seus filhos novamente.

Fiquei matutando. Até pouco tempo atrás, ele argumentava aos filhos que o Palmeiras é o melhor time, pois seria campeão (sim, quando abro a janela do meu quarto, escuto a conversa alheia e vice-versa). Como será que deve ser, agora, explicar ao filho a queda do time?

Espero que o São Paulo seja mais complacente com o blogueiro, quando chegar a minha vez.