quinta-feira, 29 de abril de 2010

O pronunciamento de Lula em 29/04/2010

Muito do que lula falou no discurso de hoje, às 20h20 mais ou menos, é verdade. Tivemos aumento da massa salarial, criação de empregos, melhoria dos indicadores sociais, etc etc etc... (não necessariamente ele seja o motivo de tanta melhora).

O que é mentira é a biblioteca ao fundo. Quantos livros terá lido Lula ao longo de mais de 7 anos de governo?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Na folha de hoje - "Neymarland" - por Fernando de Barros e Silva


FERNANDO DE BARROS E SILVA
"Neymarland"

SÃO PAULO - "Já foi vítima de racismo?" "Nunca. Nem dentro nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?". Quem responde é Neymar, a nova divindade do futebol brasileiro. Mesmo quem prefere o gênio apolíneo de Paulo Henrique Ganso deve admitir que o Dionísio da Baixada hoje é "o cara".
Não é bem o caso de discutir se Neymar é ou não é preto. Nem, tampouco, de encrencar com a espontaneidade da sua resposta. Há nela muito mais inocência do que veneno. Neymar é só mais um filho pobre e alegre dessa terra desigual e misturada que ficou subitamente famoso por obra e graça de seus pés.
A entrevista a Débora Bergamasco, publicada pela coluna de Sonia Racy no jornal "O Estado de S. Paulo", é reveladora do que vai na cabeça do jovem moicano da Vila.
A parte chata do sucesso? "Não tem parte chata. É sempre legal". Um sonho de consumo? "Queria um carrão". Mas já não comprou um por R$ 140 mil? "Queria um Porsche amarelo e uma Ferrari vermelha na garagem". Tipo de mulher? "Linda". Prefere as loiras? "Sendo linda tá tudo certo".
Alisa os cabelos? "Tem que alisar para o moicano espetar. E também pinto de loiro". Para onde gostaria de viajar? "Para a Disney. Gosto de parque de diversões, de brinquedos radicais". Tirou título de eleitor? "Não, nem queria, mas vou ter que tirar". Sabe quem são os candidatos a presidente? "Não sei, não".
A família de Neymar é evangélica. O pai gerencia os rendimentos do filho e todo mês dá 10% à igreja.
O que pensar disso tudo? Que talvez não seja descabido ver nesse mundo infantilizado de fantasias e clichês de consumo a nossa "Neverland". Há, inclusive, algo da figura etérea de Michael Jackson na arte de Neymar.
E, se existe hoje algo como um "brazilian dream", ele poucas vezes esteve tão bem caracterizado como aqui, em "Neymarland".
Há no país 37 milhões de jovens de 16 a 24 anos. Metade deles não estuda. Pergunte o que gostariam de ser ou de ter sido. Quantos deles responderiam "Neymar"?


Precisa dizer algo a mais? 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Será?

No site do Estadão está a manchete: ‘Ser empresário hoje é mais fácil do que há vinte anos’, diz Roberto Bielawski (link aqui).

Concordo em parte. Ao mesmo tempo que a economia está crescendo, os preços são relativamente estáveis e o crédito está mais acessível, as estatísticas do SEBRAE apontam que boa parte das empresas abertas são fechadas antes dos dois anos de funcionamento.

Roberto Bielawski vem de família nobre e é instruído, mas esqueceu-se que nem todos tem a mesma oportunidade (quanto à última vantagem). Não adianta ter nenhuma dessas facilidades descritas no parágrafo acima se o empresário não tiver racionalidade para usá-las. O fato do fechamento precoce de empresas é reflexo da ausência de capacitação de nosso povo empreendedor.

E não há SEBRAE que cubra todas as carências educacionais de um povo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A igrejinha de Dunga - Coluna do Tostão - FSP - 18/04/10

Na folha de ontem.
A igrejinha de Dunga

A presença do auxiliar Jorginho e de vários atletas evangélicos e obedientes facilita o estilo rígido de Dunga

DUNGA DISSE novamente, dessa vez na Academia Brasileira de Letras, que, no futebol e na vida, o que importa é o resultado.

Fique tranquilo. Dunga foi apenas convidado. É um hábito da Academia chamar pessoas de destaque na sociedade para um encontro.

Dunga não é candidato ao cargo de imortal, mesmo se o Brasil for campeão e ele escrever mais um original livro sobre como ser um vencedor. Ricardo Teixeira faria o prefácio, e o auxiliar Jorginho, a orelha. Dunga só não pode publicar antes da Copa, como fez Parreira em 2006.

O que é ter resultados na vida, fora do futebol?

Se tornar um profissional vitorioso, rico e famoso, mesmo que seja por meios não muito legais e éticos? Aparecer e ser campeão no "Big Brother"?

Ou ser um homem simples e bom, sem nenhuma pretensão de ser herói?

Dunga e Jorginho formam uma boa dupla. Estão entrosados e já mostraram que têm bons conhecimentos técnicos e táticos. É a união do técnico mal-humorado, tosco, que não aceita críticas, com o auxiliar evangélico e tranquilo.

Se qualquer outro treinador dissesse que só interessa o resultado, ninguém se incomodaria, já que todos os times do mundo, de todas as épocas, entram em campo para vencer. Já Dunga dizendo isso, por seu habitual comportamento, gera outras leituras.

Depois de tantos bons resultados, a maioria concorda com o jeito pragmático de Dunga. Vivemos em uma sociedade consumista, competitiva, do espetáculo, em que a única coisa importante é a vitória, a glória e a fama. As pessoas não querem ser amadas. Querem ser vencedoras, admiradas e bajuladas.

Muitos acham ainda que, para dirigir uma seleção na Copa, é necessário, além de ser operatório e disciplinado, que o treinador seja rígido e nacionalista, uma mistura de um ditador com um Policarpo Quaresma. Para esses, com Dunga, não se repetiria o fracasso de 2006, quando Parreira foi chamado de bonzinho e frouxo por permitir tantas arruaças.

Dunga nunca vai entender por que a seleção de 1982, eliminada pela Itália, é mais elogiada que a de 1994, campeã do mundo.

Dunga passa a impressão de que a vitória lhe proporciona mais sofrimento que prazer e que ainda pode xingar os críticos, como fez em 1994, ao levantar a taça. Para ele, perder jogando bem deve ser muito pior que perder jogando mal. Sofre mais.

Apesar de não ter admiração pelo estilo de Dunga, reconheço sua eficiência no comando da seleção.

A maioria dos jogadores prefere técnicos rígidos e que tomam todas as decisões. É uma maneira de os jogadores transferirem para o técnico a responsabilidade pelas derrotas e pelas vitórias.

A presença de vários atletas evangélicos e obedientes na equipe facilita o trabalho do treinador. É a igrejinha de Dunga.

Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal será Dunga. Isso já está decidido. É valorizar demais o treinador, seja quem fosse. É também uma maneira estreita de se analisar futebol, um esporte que, com frequência, é decidido, entre equipes do mesmo nível, pelo acaso e por fatores inusitados, que vão além da racionalidade doentia de Dunga.

domingo, 11 de abril de 2010

O poder social da fé

Na folha de hoje (11/04/2010), coluna do Marcelo Gleiser:

"Começo hoje com a definição de mito dada por Joseph Campbell, uma das grandes autoridades mundiais em mitologia: 'Mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre'. Sabemos que mitos são narrativas criadas para explicar algo, para justificar alguma coisa. Na prática, não importa se o mito é verdadeiro ou falso; o que importa é sua eficiência.

Por exemplo, o mito da supremacia ariana propagado por Hitler teve consequências trágicas para milhões de judeus, ciganos e outros. O mito que funciona tem alto poder de sedução, apelando para medos e fraquezas, oferecendo soluções, prometendo desenlaces alternativos aos dramas que nos afligem diariamente.

A fé num determinado mito reflete a paixão com que a pessoa se apega a ele. No Rio, quem acredita em Nossa Senhora de Fátima sobe ajoelhado centenas de degraus em direção à igreja da santa e chega ao topo com os joelhos sangrando, mas com um sorriso estampado no rosto. As peregrinações religiosas movimentam bilhões de pessoas por todo o mundo. É tolo desprezar essa força com o sarcasmo do cético (...)"
 
Edir macedo que o diga!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A pressão sobre a próxima reunião do Copom

O Boletim Focus desta semana aponta nova alta na expectativa de inflação para 2010. O IPCA (índice utilizado no controle das metas de inflação) tem altas consecutivas a 11 semanas seguidas e o mercado agora aposta em 5,18% para 2010; IGP-DI e IGP-M também apresentam altas - estes a 12 semanas consecutivas. Isso a pouco mais de 3 semanas da última reunião do Copom. Teria Meireles optado por uma estratégia puramente eleitoral? E agora que desistiu da eleição, irá aumentar os juros?

É consenso que esta alta virá na próxima reunião. A dúvida é no tamanho da paulada: 0,5%; 0,75% ou, quem sabe, 1%?


De qualquer maneira, a motivação do post não é essa. Chamo atenção para um assunto correlato.
Até que ponto o mercado decide o futuro do país? É claro que o mercado é fator determinante - se não principal - na construção do país. Mas o que define os juros é a expectativa do mercado ou a expectativa do Bacen? Ou são ambas a mesma coisa?

Na faculdade escutamos muito sobre profecias auto-realizáveis. O caso do juro brasileiro é o segundo melhor exemplo para a definição (a primeira continua sendo a corrida aos banco em uma "fofoca" de quebra). O mercado vai semana a semana mandando suas expectativas ao Bacen e este utiliza essas expectativas para formar as suas. Não há dúvida disso. Aonde ficariam as projeções dos analistas do Bacen? Teria o Bacen condições de nadar só contra a maré?

Gostaria de ter as respostas...