domingo, 7 de novembro de 2010

O luto pós-eleição: a reação dos fascistas brasileiros

Fiquei um tempo sem escrever, triste com o resultado das eleições. Porém, nessa semana, foi noticiado um movimento anti-nordestino nas redes sociais. Considerar os nordestinos "inferiores" é fascismo e deveria (talvez até seja) ser considerado crime.

Boa parte das críticas destes bastardos lambuzados de ignorância reside no efeito eleitoreiro que os programas sociais provocam. O principal alvo é o bolsa-família. O nordeste abriga a maior parte dos pobres brasileiros (de renda e educação) que recebem o benefício. Devido a errônea atribuição do cerne do programa ao PT, os nordestinos acabam por votar sempre nos candidatos do partido. Aí surgem frases estúpidas como:
"O nordeste não se paga" e "Não pode dar dinheiro para pobre". E não foi a "direita" (que no Brasil não é tão direita assim) que criou o programa?

Deixando a questão político-eleitoreira de lado, vou fazer uma análise fria da arquitetura do programa.
Como a análise é extensa, tenho quase-certeza que os críticos fervorosos e os fascistas vão ficar com preguiça de ler...

1º) A aceitação que é um grande problema
Do mesmo modo que a saúde e a segurança pública são problemas sociais, a pobreza, o trabalho infantil, a (falta de) educação também são. O Brasil conta com aproximadamente 20 milhões de pobres oficiais. Isso é mais de 10% da população! É quase duas vezes a população de Portugal ou equivalente a população da península escandinava, formada por Suécia, Noruega e Finlândia. E ainda há indícios que este número está subestimado (notícia aqui)...

2º) Os objetivos do programa bolsa família
Retirado do site do Ministério do Desenvolvimento Social (link aqui):
"O Programa possui três eixos principais: transferência de renda, condicionalidades e programas complementares. A transferência de renda promove o alívio imediato da pobreza. As condicionalidades reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Já os programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade."
As crianças beneficiadas devem ter um percentual mínimo de presença em sala de aula (educação + erradicação do trabalho infantil). Mais exigências são feitas. Pesquisem, caso queiram criticar.


3º) Os valores
Aqui reside a maior parte da ignorância das pessoas, que criticam o programa sem se informar. Já cansei de escutar: "Aí fica o malandro sem trabalhar, tendo vários filhos, só para receber o bolsa-família". Salvo algumas cidades minúsculas no agreste nordestino (eu vi reportagem na TV, não consegui achar algo escrito), é difícil imaginar que uma pessoa irá deixar de trabalhar para receber cerca de R$200, valor máximo pago por família.
"O benefício atual é composto de duas partes:  a) R$60 para famílias com renda  per capita inferior a R$60, independentemente do número de filhos; e b) para famílias com crianças com idade inferior a 15 anos e renda per capita inferior a R$120, há um benefício adicional de R$18 por filho, sendo que há um limite de três crianças por família." (Soares, Ribas e Soares; 2009)
Não adianta a família ter quinze filhos, ela receberá o incrível valor de R$18 apenas para três filhos (total R$54).


4º) As pesquisas já divulgadas
Rocha (2005) e Hoffman (2006) comprovaram que o programa diminui a desigualdade de renda, que é um resultado consenso na literatura. Pedrozo (2006) atesta a diminuição da evasão escolar entre as crianças  de 10 a 15 anos, sendo o impacto nas famílias extremamente pobres ainda maior. Isso tem efeito claro sobre o trabalho infantil. Schwarstman (2006) acrescenta a estes resultados a melhoria progressiva do acesso à educação e da disponibilidade e custos reduzidos de alimentos e bens de consumo duráveis. Lindert et al (2007), em um artigo do Banco Mundial, não escrito por brasileiros, dão suporte às conclusões de trabalhos anteriores e também a relativa eficácia do modelo descentralizado, cujo repasse é direto aos beneficiados, sem intermediários, o que diminui o desvio de recursos. Duarte, Sampaio e Sampaio (2007) averiguaram que a maior parte do acréscimo de renda fornecido pelo bolsa-família, como era esperado, é utilizado na compra de alimentos. Haddad (2008), no Journal of International Development, também confirma o benefício social e diz que, apesar de problemas locais, o modelo de distribuição adotado é o mais eficiente. Tavares (2008) estuda a oferta de trabalho das mães após a implantação do programa. Ela notou que houve redução de 10% nesta, considerando apenas as mães dentro da faixa de renda requerida. O argumento é adicionado de que essa atitude tende a melhorar a saúde das crianças. Soares, Ribas e Soares (2009) sugerem propostas de ampliação da base de beneficiados. A expansão, de acordo com os autores, não implica em perda de focalização, vide a expansão realizada até 2006. A ideia é diminuir o saldo de famílias pobres não atendidas, que está entre 5 e 10 milhões.

5°) Os desafios que ainda restam ao programa
Hall (2008) vai no calcanhar de Aquiles do programa: o apelo eleitoral. Com certeza o programa traz distorções sérias no cenário político nacional. O autor alerta também da criação de uma dependência das pessoas em relação ao estado. Por fim, diz que os recursos empregados poderiam ser utilizados em educação, saúde etc. Eu discordo do último ponto, ao menos enquanto a pobreza for um problema de tamanha proporção. Haddad (2008) sugere focalização nas regiões com problemas distributivos, visando reduzir a repartição irregular do programa.

Concordo que o programa poderia ser melhor, como qualquer política pública. As sugestões estão aparecendo nas pesquisas. Quanto a questão eleitoreira, é por pura incompetência dos partidos de "direita" que as pessoas atendidas votam na "esquerda". Deveriam divulgar melhor a ampliação do programa e suas origens, sobretudo no nordeste.

6°) As críticas mais comuns (sem fundamentos)
"Tem que dar trabalho, não dinheiro" ou "Tem que ensinar a pescar ao invés de dar o peixe"
Se resolver o problema de desemprego fosse fácil, não teríamos desemprego recorde nos EUA e na Europa. Além disso, o próprio sistema capitalista pressupõe a existência uma taxa de desemprego, com a finalidade, dentre outras, de manter a estabilidade de preços.

"Eu já vi gente que parou de trabalhar para receber a bolsa"
Esse nunca ouviu falar de estatística. Estamos falando de um programa de mais de 11 milhões de beneficiados. Para cada pessoa que você vê sem trabalhar, apenas usufruindo do benefício, existem milhares trabalhando, utilizando o benefício para complementar a renda. Quem está trabalhando não está na rua para você ver.

"Dar dinheiro aos produtores rurais movimenta a economia, dar dinheiro aos pobres não"
Como já foi elucidado, os pobres consomem todo o benefício que recebem. Alguém tem que produzir para os pobres consumirem. A indústria e o comércio de alimentos agradecem todos os dias pelo programa. O efeito multiplicador também se dá na indústria e comércio de fármacos. Você já viu algum empresário de médio ou grande porte reclamar do programa? Só os que não tem visão estratégica reclamam. Estes são, em geral, os pequenos empresários.

domingo, 3 de outubro de 2010

O Triste Continuísmo em Mato Grosso do Sul [UPDATE]

Não deu outra: 14 deputados estaduais reeleitos em MS.
O Sr. Londres conseguiu! Recorde de mandato: 8 vezes consecutivas. Serão 32 anos no poder.
Vamos mandar fazer uma cadeira com a almofada no formato da bunda dele e colocar na frente da Assembléia.
Na epígrafe: "Um homem confortavelmente aconchegou suas nádegas aqui durante mais de trinta anos. Cuidado com o odor."

Maurício Picarelli é outro que merece um lugar especial. São 28 anos fazendo besteira na Assembléia e sabe-se lá quantos anos influenciando o povão no seu programa de TV.
O uso da imagem pública dos meios de comunicação também serviu para Alcides Bernal, o radialista das manhãs de Campo Grande. Será que ele será puxa-saco que nem no rádio? É só um político aparecer no programa dele para receber uma cesta de elogios. Se fizer isso no Parque dos Poderes, poderá ganhar bem mais que alguns trocados.

Quer saber? Cansei. Só vou listar abaixo a quantidade de anos que os caras vivem do nosso dinheiro (somando com o mandato 2011-2014).
Londres Machado - 32 anos
Maurício Picarelli - 28 anos
Onevan de Matos - 24 anos
Arroyo - 20 anos
Jerson Domingos - 20 anos
Zé Teixeira - 20 anos
Paulo Correia - 16 anos
Pedro Kemp - 12 anos
Dione Hashioka - 8 anos
Junior Mochi - 8 anos
Marcio Fernandes - 8 anos
Marquinhos Trad - 8 anos [Se somarmos a família Trad inteira...]
Marun - 8 anos
Paulo Duarte - 8 anos
Tetila - 8 anos

Meus pêsames a todos! Ou seria: "Parabéns! Conseguiram cagar de novo né?"

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Manifesto em Defesa da Democracia


“Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há ”depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no ”outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos”.

(Escrito por vários autores, dentre eles o jurista Hélio Bicudo, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o poeta Ferreira Gullar, o ator Carlos Vereza e o historiador Marco Antonio Villa)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os escândalos nas eleições presidenciais

É engraçado a quantidade de escândalos políticos que são divulgados próximo às eleições. Em 2006 foi o mensalão; este ano é o escândalo da casa Civil.
Condeno toda e qualquer forma de uso impróprio do dinheiro público. O povo, apesar de não querer ser, é falho e tende a reeleger os mesmos sangue-sugas. Uma maneira de atenuar tal condição seria extinguir a reeleição, inclusive colocando um limite de vida pública eleitoral: obrigar a pessoa a ter uma vida civil igual a de todos os brasileiros na maior parte da vida, conquistando seu lugar no mercado de trabalho.

Voltando aos escândalos. Chega a ser engraçado como o PSDB e as revistas sensacionalistas guardam os escândalos para os momentos críticos da eleição. Em 2006 o mensalão foi utilizado para diminuir a popularidade de Lula em uma eleição que já era dada como perdida por Geraldo Alckmin. Neste ano acontece o mesmo, mudam os fantoches. Errados estão o PT e o PSDB. O primeiro porque já aprendeu a viver da teta do estado. O segundo porque deixa o inimigo mamar e só reclama na hora que lhe convém.

sábado, 18 de setembro de 2010

Coluna do André Plihal, jornalista da ESPN (link aqui).

"Vira e mexe vejo torcedor fazendo protesto na porta(ou dentro)de clube, cobrando vergonha na cara de jogador de futebol.

 Nunca vejo ninguém indignado na porta da Câmara e do Senado.

 Moleques de 18 anos xingam um superior(erradíssimo) ou resolvem trocar o “nome artístico” e são condenados por todos na mesma hora.

 Raposas de 50, 60 roubam o povo descaradamente e sequer vão a julgamento.

 Estranho, contraditório esse nosso país né ?!

 Os debates dos jogos da rodada, de quem está bem, quem está em crise, devem continuar acontecendo, assim como as discussões sobre o comportamento do Neymar, o Lucas que virou Marcelinho e quis voltar a ser Lucas...

 Só gostaria que a participação popular que a gente vê no esporte, se espalhasse para a política nacional. 

 Não para evitar o ingresso dos “tiriricas da vida” no plenário. Isso é pequeno.

 O problema maior está nos que usam ternos impecáveis, colarinhos brancos e cometem poucos erros de português."

domingo, 12 de setembro de 2010

O Triste Continuísmo em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul ostenta a modesta décima sétima posição na economia nacional. Em termos per capita, a situação é melhor, ocupando a décima primeira posição. Mas não é sobre dados econômicos que pretendo comentar. Minha crítica reside no continuísmo de um estado que custa a avançar – que insiste em manter a modéstia no cenário nacional.

Vivemos um período eleitoral. Tempo de escolher novos rumos e, quiçá, melhorar nosso panorama. Não vou perder o tempo do leitor falando das constantes reeleições nos cargos do executivo – apenas cinco governadores foram eleitos por voto popular em 30 anos, só Marcelo Miranda não foi reeleito. André Puccinelli tenta ser reeleito, enquanto Zeca do PT, depois de quatro anos de férias, quer voltar ao Parque dos Poderes. Lamentável…

Concentrar-me-ei nas cadeiras de deputado estadual, com número suficiente para uma melhor comparação. Mato Grosso do Sul apresenta 24 vagas para a Assembléia Legislativa Estadual e de acordo com a pesquisa do IPEMS (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), quase 60% da assembléia estará reeleita – valor próximo a última eleição, na qual 54% dos deputados estaduais mantiveram suas cadeiras.
Não há nenhum problema em reeleger aqueles que fazem um bom trabalho para o estado. O problema é o estado permanecer à margem da economia nacional. Chamo a atenção apenas para o continuísmo político. Se a pesquisa 34.100/2010 do IPEMS for confirmada, teremos 6 candidatos reeleitos uma vez, um candidato reeleito pelo terceiro mandato e sete (acredite!) reeleitos por cinco (acredite novamente!) ou mais mandatos. Seria o oitavo mandato de Londres Machado; o sétimo de Maurício Picarelli; o sexto de Ary Rigo e Onevan de Matos; o quinto de Arroyo, Jerson Domingos e Zé Teixeira; e o terceiro de Pedro Teruel. Isso porque Akira Otsubo, deputado estadual por seis vezes agora é candidato a deputado federal. Eu ainda consideraria no páreo, em função da razoável margem de erro, Paulo Corrêa, na cadeira a três mandatos; e Pedro Kemp, eleito nas duas últimas eleições.

Considero um absurdo um homem público permanecer no poder por oito anos (sou a favor do mandato de cinco anos sem reeleição). Não consigo encontrar outra palavra para expressar a permanência de 12, 16, 20 ou mais anos no poder. Muitos são pessoas que vivem dos cofres públicos por toda sua vida. São os políticos profissionais na busca constante pelo poder. Peço desculpas aos que já ostentaram algum destaque em qualquer outro ramo, mas muitos provavelmente não encontrariam, por exemplo, uma ocupação em alguma empresa privada. Caso não eleitos, seriam nomeados secretários, assistentes, ou recuariam para as cadeiras do legislativo municipal. Essa triste história pode criar as pulgas do sistema político brasileiro, vide o recente escândalo na cidade de Dourados.

Na ânsia de poder um dia me expressar do meu estado como referência de desenvolvimento, peço aos eleitores sul-matogrossenses um pouco mais de atenção na escolha de seus representantes. Não sejam ingênuos em acreditar que o MS já ostenta posição de respeito fora do estado. Quem olha de fora sabe que assim não é. Sejamos sensatos neste 3 de outubro.

domingo, 22 de agosto de 2010

Tostão de novo [02]

Na folha de hoje:

"[...]
O ser humano está sempre atrás de certezas, de explicações definitivas e do milagre, que deem sentido à vida. Pessoas, travestidas de sábias, explicam tudo, desde as coisas óbvias e banais até as eternas dúvidas existenciais. Alguns falam, e a maioria repete.
Quem pensa diferente é, no mínimo, visto com estranheza, ainda mais se não fizer parte da mesma patota. No futebol, é a mesma coisa.
Contardo Calligaris escreveu nesta Folha na última quinta-feira: 'Quando a mídia é de massa, não há mais diferença entre manipuladores e manipulados, pois os próprios manipuladores, expostos à mídia, são manipulados por suas produções. Ou seja, progressivamente, todo o mundo pensa as mesmas trivialidades'.
"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O problema da baixa fertilidade

Uma vez discuti com alguns amigos sobre a "vantagem" do bolsa família em limitar o número de filhos beneficiados em três. O casal de amigos de classe média, que tinha apenas um filho, discordou seriamente da política. "Para que ter três filhos?"

Bom. O Brasil ainda não tem problemas de baixa natalidade, mas o terá em um futuro breve. A pirâmide etária do Brasil sofreu uma mudança drástica em pouco mais de vinte anos - na Europa essa mudança demorou um século.

Hoje estava pesquisando modelos econométricos nas bases de dados científicas e me deparei com um working paper da Harvard School, intitulado: The High Cost of Low Fertility in Europe (Bloom et al., 2008).
Em suma, o estudo diz que uma queda na fertilidade provoca uma diminuição da população dependente (filhos - estudantes) e um aumento na parcela da população em idade de trabalhar. Esta dinâmica faz com que a renda per capita aumente. Nada de novo até aí.

O Grande lance está no longo prazo. A parcela da população que trabalha hoje e tem idade avançada estará aposentada no futuro e teremos uma pequena parcela da população apta a trabalhar (e bancar a população idosa). A solução é "importar pessoas" com idade de trabalhar dos países pobres? Como se problemas de xenofobia não existissem...

Países como Zâmbia, com uma alta taxa de fertilidade deveriam diminuí-la, ao contrário de países europeus, cuja fertilidade deveria ser estimulada. Nos países do oeste europeu, mantida a longevidade, é esperada, nas próximas décadas, uma diminuição no número de pessoas em idade de trabalhar de 25%.

Moral da história. O ideal é chegar a uma proporção constante de velhos e jovens na população. A chamada taxa de reposição, que contempla essa proporção, é de 2,1 filhos por mulher. No Brasil essa taxa já foi de 6 filhos na década de 1960, 4,5 filhos na década de 1970 e hoje, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) é de 1,8 filhos - abaixo da taxa de reposição.

É por isso que o bolsa família "estimula" que a mulher tenha até três filhos!

sábado, 7 de agosto de 2010

Proposta ao São Paulo

O São Paulo jogou bem em pouquíssimos jogos este ano. Fruto do trabalho fraco de Ricardo Gomes? Talvez. Mais provável que não. Desde que Muricy Ramalho ainda estava no São Paulo o time já jogava "feio". Era o famoso futebol de resultados que fora efetivo, conquistando louváveis três títulos nacionais consecutivos. Quiçá haveria um quarto título caso Muricy não fosse despedido. Como são-paulino, confesso não gostar de ver o futebol jogado pelo time a muito tempo. Ainda na era Muricy havia a necessidade de um meia-armador, seja rápido-condutor (estilo Kaká), seja clássico (organizador-pensador, estilo Ganso e Zidane). Com um jogador destes, Hernanes poderia jogar como jogou contra o Inter: segundo volante. Só não digo que comeu a bola no jogo pois não levou o time às finais da Libertadores. Mas jogou muito, muito mesmo, e espero que mantenha a posição e desempenho no jogo do Brasil, nesta terça-feira. Também ressalvo as contratações de Alex Silva e Ricardo Oliveira. Jogaram muito bem e serão reforços importantes para o brasileirão.

Porque falei isso até agora? Hernanes é prata da casa, assim como Alex Silva. Ricardo Oliveira é atacante importante um dos melhores atuando no país. São bons jogadores.

Jogadores entram no time com o aval da presidência, sobretudo. O técnico muitas vezes tem as mãos atadas. É papel da direção atrair bons jogadores e também promover a integração das categorias de base com o plantel principal. E é esse o ponto falho nas últimas campanhas do São Paulo. Há uma política para gastar pouco e por vezes contrata-se vários jogadores para a mesma posição, sejam eles de qualidade ou não. Não contrata-se jogadores para as posições carentes do time. Não se pode gastar! Sou economista e efetivamente contra o déficit dos clubes, mas é preciso ter visão de longo prazo. Contratar o necessário. Montar boas equipes, ganhar títulos e, assim, ter retorno. Também é necessário valorizar o que se tem. Como conseguiram deixar Oscar trocar de time? O garoto que é bom de bola jogou pouco, deveria ter muito mais oportunidades! Digo o mesmo de Henrique.

Falta ao São Paulo ter um objetivo: Montar uma boa equipe, que agrade ao torcedor e que dispute títulos (não dispute títulos). Esse objetivo passa pelos argumentos ditos acima. Se o objetivo for atingido, talvez o clube consiga agradar até um bom patrocinador e não precisar fazer aquele outdoor ridículo na camisa do clube… Mas isso é papo para outra hora…

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tostão de novo [01]

Na Folha de São Paulo de hoje:

"[...] O conteúdo do vídeo com os jogadores do Santos, mostrado umas mil vezes nos programas de televisão -as imagens são ótimas-, não é um problema apenas do futebol e do Santos. É também de parte da juventude.
As redes sociais trazem benefícios e também o caos. Além disso,
as pessoas, cada vez mais, adoram se exibir pela internet. A brincadeira e a alegria espontânea estão muito próximas da idiotice, da irresponsabilidade e da barbárie.
É um mundo esquisito, esquizofrênico.
"

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Entrevista do Krugman

Entrevista do Paul Krugman para o site do Estadão (link aqui).
Destaque para a primeira pergunta, a qual concordo muito. Sou contra o oba-oba que vemos na maioria dos noticiários. O Brasil precisa passar por uma série de melhorias para emergir como potência. Dou ênfase para a questão de reformas simplificadoras, burocrática e, sobretudo, tributária.

O senhor acredita que existe um otimismo exagerado com a economia brasileira e outros países emergentes? O conceito dos Brics ainda é válido?

Sempre considerei o conceito dos Brics muito pobre, porque são economias muito díspares. Índia e China talvez possam pertencer a um mesmo grupo, por serem ainda economias com mão de obra muito barata; Rússia é um exportador de petróleo e o Brasil é um país de renda média baixa muito diferente dos outros. O Brasil é uma boa história, que na última década teve um desempenho melhor do que o esperado, conseguiu evitar uma crise severa, promoveu uma série de melhoras no poder de compra da base de sua população diante uma história de disparidade nas rendas, mas não é ainda uma história notável de crescimento. A ideia do Brasil como uma superpotência econômica futura é ainda muito baseada em especulação com suas conquistas recentes. Espero que um dia seja verdade, mas ainda não vejo isso acontecendo. Não vejo indicação hoje no crescimento do Brasil de que ele possa emergir como uma potência da mesma forma que a China.

Qual o papel da China na recuperação do crescimento econômico mundial?

A China é muito problemática, mesmo deixando de lado a questão da moeda, que tem impedido que sua demanda interna ajude o restante do mundo. Mesmo agora, ela não é uma economia tão grande, imaginamos que ela seja pela enorme quantidade de pessoas, mas do ponto de vista da taxa de câmbio - que é o que importa - ela ainda é do tamanho do Japão. Uma maneira que poderia fazer as economias emergentes liderarem a recuperação mundial seria se elas se preparassem para uma entrada massiva de capitais, com elevados déficits nas suas contas correntes. Mas esse não é um cenário real, uma vez que os governos desses países não permitirão que isso aconteça. Olho para o final do século 19, quando os pesados estímulos daquela época permitiram o surgimento de novas tecnologias e aceleraram a demanda. O problema é que o IPad não é grande o suficiente. É difícil prever como esse período de fraca demanda mundial chegará ao fim, e pode haver um longo caminho antes que isso aconteça.

É correta a percepção de que a atual crise nos países da União Europeia seja mais uma crise do euro do que uma crise de dívida soberana?

O euro tem sérios problemas, não é apenas uma crise de dívida. Casos como o da Espanha, que vinha tendo bons resultados nos últimos anos e agora está nessa situação, e mesmo a Grécia, que deve passar por uma fase de forte deflação após muitos anos de entrada massiva de capitais são situações muito difíceis de imaginar uma solução. Está-se diante de uma moeda única numa área que de certa forma nunca estabeleceu critérios para ter uma moeda única.

Como a Europa deve lidar com a sua crise de dívida soberana, como evitar que o euro entre em colapso?

É difícil ver uma saída para a Grécia sem uma reestruturação, e a questão principal para ela não é como irá reestruturar sua dívida, mas como ela vai resolver a questão do euro. Para o restante dos países, políticas não sincronizadas ajudariam muito; o programa de austeridade espanhol tem mais probabilidade de dar certo se toda a Alemanha não estiver também sob um programa de austeridade. Não vejo o euro entrando em colapso, vejo mais uma chance de a zona do euro perder alguns países periféricos, com saídas plausíveis como da Grécia. Ficaria muito surpreso se as economias centrais do euro não permanecessem com a moeda única.

O que poderia ser feito para que o euro seja uma moeda mais viável?

Uma política de meta de inflação mais frouxa, por exemplo, poderia ajudar. Se a zona do euro estabelecesse uma meta de 3% ou 4% seria bem mais fácil de se fazer ajustes nos países problemáticos do que com uma meta de 1% ou 2%, como é agora.

A crise Grega está sendo comparada à crise Argentina em 2001. Isso significa que a Grécia deva deixar o euro? E em relação a outros países em situação semelhante?

Há diversas semelhanças da Grécia com a Argentina. Eu diria que a Argentina se comportou de forma mais responsável, com um déficit substancialmente menor do que tem a Grécia. Mas em ambos os países você tem uma economia que recebeu volumes intensos de entrada de capital ao longo de vários anos e, quando esse capital secou, viu-se com uma grande quantidade de obrigações em sua moeda. No caso da Argentina, ela estabeleceu uma paridade com o dólar e um novo sistema de câmbio. O aconteceu foi que a primeira ação foi enfrentar uma crise bancária, que forçou o governo a fechar os bancos. Não estou dizendo que a Grécia deva abandonar o euro, mas, se houver uma crise bancária, o governo será obrigado a decretar um feriado bancário e a questão que fica é por que se manter no euro. Os argumentos são muito fortes sobre como isso acaba.

Qual a sua opinião sobre o acordo feito pelos líderes do G-20 para diminuírem seus déficits? Seria uma espécie de derrota à economia keynesiana?

Sim. A promessa de reduzir os déficits não foi nada além do que já se planejava. No caso dos Estados Unidos, a meta não é diferente da que já era prevista diante de uma recuperação da economia. Não há dúvidas de que o tom geral desse acordo foi "ok, está na hora da austeridade", e isso é uma coisa muito chocante de se ver, diante de uma recuperação econômica mundial ainda muito distante. Todos sabem que sou furiosamente contra isso, principalmente porque essa virada para a ortodoxia na política econômica mundial ocorreu sem nenhuma evidência clara de que era necessária.

Qual a disposição dos Estados Unidos de realizar acordos de livre-comércio?

Atualmente, não há muita discussão sobre acordos comerciais. Dada a situação política do país, com o presidente Obama tendo de lutar até mesmo por questões triviais e óbvias que devem ser feitas, não há como desperdiçar capital político com acordos comerciais, como a Rodada Doha. Se eu fosse ele, faria o mesmo. Esse é um assunto que não está no topo da agenda da atual gestão ou mesmo da próxima.

Há algum substituto para o dólar como principal moeda de reserva?

Uma moeda de reserva de valor não é algo que possa ser estabelecido por uma decisão política. Os países não guardam dólares ou euros porque alguém tenha ordenado; eles o fazem porque essas moedas são aparentemente mais seguras e altamente líquidas e esse é o problema principal do SDR (moeda composta por uma cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional). O que poderia substituir o dólar teria de ser algo comprovadamente melhor desse ponto de vista. A única alternativa possível seria o euro, e há dois ou três anos eu imaginava que ele alcançaria uma parcela maior das reservas mundiais em relação ao dólar, mas acho que o euro deu um grande passo atrás, com todos os problemas atuais.

Há a possibilidade de um duplo mergulho na economia mundial com as medidas de austeridade tomadas na Europa?

Acredito que seja ainda uma possibilidade, mas não a mais provável. Você não vê um PIB em queda. Acho que um problema maior é que fizemos um progresso muito frágil na diminuição do desemprego nos Estados Unidos. Então um mergulho duplo propriamente dito, acredito que não; recuperação do desemprego, provavelmente sim, e é isso que me preocupa.

domingo, 4 de julho de 2010

A prova [2]

Bom... eu não sou aquele que vai execrar apenas depois do que aconteceu. No dia 13 de maio (link) eu já reiterava o comportamento agressivo de Felipe Melo até em uma simples entrevista.
Segue a entrevista depois do jogo, com as pérolas:

"Não sei se foi para cartão vermelho, eu não vi na televisão a jogada"
[Ele não pisou propositalmente no cara? Estava ali, ao vivo, in loco]

"O árbitro foi muito rude..."
[Qual adjetivo poderíamos utilizar para Felipe Melo?]

"O Robben continuou jogando. É diferente né?! Se fosse uma jogada realmente desleal, uma jogada para tirar ele do jogo, com certeza ele não estaria jogando, porque eu tenho força para suficiente para quebrar a perna do Robben" [Precisa dizer alguma coisa?]

sábado, 3 de julho de 2010

Os erros da seleção brasileira e as expectativas futuras

Sou fã de carteirinha da turma da ESPN, sobretudo Mauro Cézar Pereira (blog), do Paulo Vinicius Coelho (blog) e do Juca Kfouri (blog); além, é claro do Tostão, ligado à Folha de SP, que já foi várias vezes citado neste espaço. Acompanho a muito tempo essa turma. São os críticos de futebol mais preparados Brasil.

O que reproduzirei aqui vai ao encontro das críticas feitas por eles. Vou enumerá-las  para melhor sistematização [existe uma possibilidade remotíssima de alguém ligado a CBF ler - não custa sonhar]. Não vou perder tempo falando do Ricardo Teixeira também, o cara que está na ditadura da CBF a mais tempo que o ditador norte-coreano...

Todas as críticas restantes são ligadas ao técnico Dunga, o imediato ditador-júnior da CBF.
1) A relação com a imprensa
O Dunga nunca soube lidar com críticas. Era uma pessoa estremamende despreparada neste sentido. Dava-se bem com a imprensa "amiga", aquela que só faz reportagens felizes, exaltando os êxitos do técnico. O bom técnico escuta atentamente as críticas, pois é possível que boa parte delas façam algum sentido; e assim aprende - melhora - com elas. O segundo ponto ultrapassou a relação com a imprensa...

2) O destempero (comportamento violento)
Não era apenas nas entrevistas coletivas. Foi assim dentro de campo, onde insultava árbitros, adversários e por várias vezes, a torcida. No último jogo contra o Chile, pela eliminatória, ele chegou a agredir verbalmente uma parte da torcida na frente das câmeras. Isso não se faz, a torcida tem o direito de falar o que quiser, o técnico não. O ápice foi a entrevista coletiva na qual murmurava palavrões e olhava bestialmente ao simpático Alex Escobar. Na minha opinião tal comportamento só pode ser patológico. E o time absorveu esse "espírito guerreiro" (argh!) nos jogos contra Costa do Marfim, Portugal e, sobretudo, Holanda.

3) O excesso de coerência (ou a falta de)
Vou resumir as demais críticas aqui.
3.1 - Dunga montou um bom time, ainda que eu discorde de jogadores como Felipe Melo, Elano e Michel Bastos (do time titular) e vários reservas. Mas a principal crítica é a falta de opções na reserva. Quem seria o reserva de Kaká? Um jogador capaz de tocar a bola, melhorar a dinâmica do jogo em favor do time? Júlio Baptista? Não creio. O que se pretendia fazer com Kléberson, Ramires, Josué? Por que colocar Ganso na fila de espera e não convocá-lo? Qual a coerência?
3.2 - O segundo sub-item é o fato do enclausuramento dos jogadores. Sem direito a descanso, sem treinos abertos a imprensa. Só porque a copa de 2006 foi uma zorra, deve-se implantar uma ditadura agora? É essa a lógica? Segundo informações, 2002 estava mais para clima de farra do que de seriedade... e fomos campeões.
3.3 - A ideia do professor Dunga de que o importante é o resultado, independente da beleza do jogo. O Brasil não precisa dar show, mas tem jogadores hábeis, com condições de mostrar um jogo agradável de se ver. Seleções como a japonesa e algumas européias, que não tem grandes jogadores, devem jogar assim para conseguir algo. Sou completamente contra a ideia apenas do resultado, pelo menos para a seleção canarinho.

O último item faz a ligação com os preparativos para a próxima Copa, que será em nosso país.
Não sei qual é o técnico que tornará possível uma seleção bonita de se ver. Jogadores não faltarão: Neymar, Ganso, Coutinho (Vasco/Internazionale), Pato... Fora o que ainda há de surgir.

Um leitor do Blog criticou Ricardo Teixeira. Eu também apóio a saída do ditador, mas acho impossível antes do término da copa de 2014. Muita grana vai rolar até lá.

domingo, 27 de junho de 2010

Coluna do Tostão [Folha de São Paulo]

Na Folha de hoje
TOSTÃO
Mundos opostos

[...]
Faz um mês que estamos em Johannesburgo. Ao mesmo tempo em que estou vidrado na Copa, curioso para conhecer o final, estou com saudades do Brasil, de Minas Gerais, de Belo Horizonte, do meu bairro, da minha rua, do meu apartamento e, principalmente, das pessoas que amo.
Com exceção de algumas pessoas que adoram ou fingem gostar do cotidiano, por medo e/ou por não conhecer ou por não ter outras possibilidades, o ser humano sonha em se tornar um cidadão do mundo.
Mas, quando viaja por um tempo maior, morre de saudade de sua rotina, das pequenas coisas. Quer ser muitos em um só. "Sou o que penso, mas penso ser tantas coisas." (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Coluna do Gabriel Quevedo

Gabriel Quevedo é um amigo e ex-colega de Faculdade.
A tempos que toca um bom blog: Novos Filósofos (link aqui).
Abaixo um texto do dia 19 de junho.

Mestrados do Meu Brasil
Filosofia da Ciência

Se tem uma coisa que aprendi nos último meses é que um bom mestrado é aquele que te reduz a pó, que pega seu ego intelectual e pisa nele até que você não tenha certeza de mais nada que pensava ter aprendido durante sua humilde graduação. Mestrados bons te fazer sentir vontade de chorar depois de uma prova, quando não te fazem chorar de fato. Mestrado ruins já preferem te fazer se sentir o máximo. Como se tudo o que houvesse para ser aprendido já estivesse ali na sua frente... Ciência? Desenvolvimento Científico? Pra quê? - Diriam essas famosas pós-graduações das universidades particulares de má fama espalhadas pelo Brasil afora... Acredito que o fato das pessoas pagarem essas instituições para fazer as suas pós-graduações faz com que essas instituições se prostituam cientificamente, e se preocupem apenas em agradar o infeliz sujeito que ali vai obter seu título... Acredito que todo mestrado deveria em vez de cobrar pagar ao sujeito que nele entre... e o obrigue a estudar muito, mas muito mesmo, para que continue recebendo aquilo da Universidade. O aluno tem que chegar à beira da humilhação intelectual, de maneira a buscar o conhecimento como quem busca um copo de água no meio do deserto... Só assim se faz um cientista de verdade a partir de um moleque que acabou de sair da faculdade com a ilusão do mundo. Em termos platônicos, só assim tiramos o sujeito da caverna.

O Balanço da primeira fase da Copa

Acertei 11 das 16 seleções que passaram para segunda fase.
Aproveitamento de 69%.

Errei as seguintes:
África do Sul (passou Uruguai), Sérvia (passou Gana), Dinamarca (passou Japão), Itália (passou Paraguai), Costa do Marfim (passou Portugal).

Agora meus palpites para as oitavas de final:

















São dois os confrontos entre países sul-americanos e asiáticos. Aposto nos primeiros devido ao mesmo argumento: têm mais tradição e garra, mesmo não sendo os papões do continente. Coréia do Sul e Japão tem bons times, disciplinados e com alguns espasmos de bom futebol, mas...

Minha aposta é que o único país africano na copa cai nessa fase. Os EUA têm uma boa equipe e devem passar para a próxima fase, ainda que com dificuldades.

Os jogos da Holanda, Brasil, Argentina devem ser duros, mas não servirão ainda para mostrar a real força de cada seleção. As quartas-de-finais devem exigir mais destas seleção, que passarão.

Alemanha e Inglaterra, Espanha e Portugal. São os jogos mais equilibrados.
Acho que a Alemanha tem um time melhor e mais organizado que a Inglaterra. Mas depois de ver John Terry se atirar ao chão para evitar um chute adversário, passei a respeitar mais a apagada seleção inglesa.
A Espanha tem um conjunto melhor que o de Portugal. Portugal tem apenas algumas cerejas no bolo: Cristiano Ronaldo e Raul Meireles (que vem jogando muito). Aposto no conjunto da fúria, ainda que com um pé atrás - a fúria acaba sempre amarelando...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Trecho da coluna do Delfim Netto na Folha de hoje

FSP 23/06/10

[...]
Não conseguimos aprovar nem sequer uma lei que regulamente o direito de greve do funcionalismo. Não se trata de coibir a liberdade de reivindicar ou de manifestar-se. Trata-se de fazer respeitar os direitos dos cidadãos.
É preciso respeitar os direitos dos cidadãos e respeitar os direitos dos grevistas, mas é preciso impor-lhes um "custo" pelos inconvenientes que a paralisação dos serviços causa à sociedade, principalmente quando promovidas pelo peleguismo ideológico.
Que custo será esse? Um ex-sindicalista bem-sucedido ensinou: "Greve sem desconto dos dias parados é uma féria remunerada".

[...]

Não aguento mais receber papéis falando asneiras na entrada da USP! 

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dunga - o completo idiota [UPDATE]

Dunga está completamente maluco!
Belo exemplo aos jogadores...

Vale a pena ler a matéria do Julio Gomes, da ESPN, aqui.

[UPDATE] Quando digo louco, digo em sentido estrito. Isso não é comportamento de uma pessoa que goza de plenas sanidades mentais. Essa agressividade passa do limite da normalidade. E não é de hoje. Dunga faz nas coletivas de imprensa como na propaganda de cerveja que participa: vai para a guerra.
Não consigo entender como o departamento de comunicação da CBF não intervém.
Talvez por medo.
Eu o teria.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Os palpites do Goldman Sachs

Dica do Anderson Portugal, link aqui.

Goldman Sachs é um dos maiores bancos de investimento do Mundo. Não é a primeira vez que publica um documento como este.

A seleção do banco
Goleiro: Buffon (Itália/Juventus)
Zagueiros: Lúcio (Brasil/Internazionale), Terry (Inglaterra/Chelsea)
Laterais: Daniel Alves (Brasil/Barcelona), Cole (Inglaterra/Chelsea)
Meias: Kaká (Brasil/Real Madrid), Xavi (Espanha/Barcelona), Ribery (França/Bayern de Munique)
Atacantes: Messi (Argentina/Barcelona), Rooney (Inglaterra/Manchester United), Cristiano Ronaldo (Portugal/Real Madrid)












As chances de cada equipe
5 Maiores:
Brasil 13,76%
Espanha 10,46
Alemanha 9,4%
Inglaterra 9,38%
Argentina 9,08%

5 Menores:
Coréia do Norte 0,05%
Nova Zelândia 0,11%
Honduras 0,11%
Suiça 0,35%
Eslováquia 0,36%

As disputas dos grupos
Mais disputados:
Grupo A - Desvio padrão das prob. de cada equipe 2,3%
Grupo F - Desvio padrão das prob. de cada equipe 3%


Menos disputados:
Grupo G - Desvio padrão das prob. de cada equipe 6,5%
Grupo H - Desvio padrão das prob. de cada equipe 5% 

Discordo de alguns números, mas vale a nota.

O Brasil e a austeridade Européia

Notícias do estadão:
França planeja corte de 100 bi de euros até 2013
Alemães protestam contra pacote de cortes de gastos de Merkel
Milhares de italianos protestam contra plano de austeridade


Países europeus passam por uma crise relacionada a capacidade de honrar seu endividamento. Depois da Grécia quase afundar o Euro e anunciar medidas fiscais drásticas, chegou a vez de outros países em melhores condições fazerem o mesmo. Outros economistas renomados já defenderam que o Euro se manterá se houver um processo de homogeneização das economias-membro.
Não quero, todavia, aprofundar o assunto - até porque me falta competência.

Chamo atenção pelo movimento contrário no Brasil. Apesar do governo anunciar uma redução de gastos para este ano, visando impedir novos aumentos dos juros, nos próximos anos o país começa a se preparar para dois acontecimentos "libera-cofres". Copa do Mundo e Olimpíada exigirão uma quantidade gigantesca de recursos públicos. Pela experiência do Panamericano de 2007 e da Copa do Mundo da África do Sul, já sabemos que os gastos ficarão muito axima do planejado. No país da copa o gasto foi 10x o planejado. A medida que os prazos se apertam, a máquina libera mais dinheiro...
Duvido que algum governante (ou aspirante a) tenha culhões para anunciar uma redução de gastos nesse período. Como já disse FHC, "o povo gosta de Estado".

Obs.: Maior exemplo disso são as restrições impostas ao Morumbi, cuja dívida seria privada.

sábado, 12 de junho de 2010

Palpites para a Copa do Mundo

Minha intenção era postar os palpites antes do início do jogos...
Os palpites são para as seleções que passam apenas e não para os jogos.

Grupo A
É o grupo mais difícil, pois nenhuma equipe é realmente boa.
Minha aposta inicial era Uruguai e México. Depois de ver os jogos de ontem, mudarei para África do sul e México. [não mudarei palpites daqui para frente]


Grupo B
Argentina passa em primeiro. Difícil é saber o segundo colocado. Minha unica aposta em time asiático é a Coréia do Sul.



Grupo C
Esse grupo é difícil. Só a Argélia não tem condições de passar. Meus palpites são Inglaterra e EUA.



Grupo D
Depois de Essien foi cortado e Muntari está com condições físicas deficientes, Gana perdeu a chance de disputar um lugar com a Sérvia. A favorita é a Alemanha.

Grupo E
Holanda passa fácil. É uma das favoritas se Robben estiver em forma. Mesmo sem ele ainda é a melhor equipe do grupo. Creio que a segunda melhor seleção é a Dinamarca.


Grupo F
Grupo histórico, se pensar que a Eslováquia é um vestígio da antiga Tchecoslováquia. A Itália, apesar de contestada, pode chegar longe.


Grupo G
Grupo mais difícil. Três seleções boas e uma seleção incógnita. Não creio em Zebra. Brasil passa e Coréia do Norte cai. Difícil é escolher entre Portugal e Costa do Marfim. Como a copa é na África (apesar da Costa do Marfim ficar bem distante da África do Sul), aposto na seleção de Drogba - contando que se recupere a tempo de ajudar sua equipe.


Grupo H
Esse grupo é o mais fácil. A Espanha joga bonito e é uma das candidatas ao título (veremos se a fúria não "amansa"). Suiça e Honduras são equipes tão limitadas que deixam o Chile de Bielsa como segundo colocado.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O ex-local de trabalho

Foi uma visita rápida. Fiquei na empresa pouco mais de uma hora.
Conversei muito com um ex-colega que tem função importante na empresa.
A empresa vai bem, obrigado. O preço de sua mercadoria subiu muito de um ano para cá (em dólares) e a cotação do câmbio em ano de alta volatilidade ajuda.
Quanto ao processo de mudança de gestão, nenhuma novidade. Para quem vê de fora, como eu, nenhuma mudança relevante. Para meu ex-colega há um sinal de que "a coisa vai andar". Veremos.
Mudança de gestão não é um processo fácil em grupos de empresas como estes, mas pouco avanço depois de dois anos também não é tão justificável. Ah se eu tivesse informações da cúpula...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Um comentário sobre a menina-dos-olhos dos administradores

Não é só dos administradores. A palavra está na moda. Até as áreas remotamente ligadas aos negócios já a têm na ponta da língua: Gestão.
Vê-se outdoors com cursos das mais diversas "gestões": de negócios, financeira, de pessoal, ambiental, jurídica...
Mas vou-me ater ao caso da gestão de negócios.

Trabalhei até pouco tempo em uma empresa membro de um conglomerado de empresas. Em geral, o conglomerado era composto de empresas de vários tamanhos e principalmente dividido em três setores: Alimentício, Farmacêutico e Material Elétrico. Nenhuma das empresas fornece para consumidores. São parte intermediária da cadeia de produção.

O grupo estava passando por reformas, visando a unificação das empresas. Não posso falar em nome do grupo, pois nunca estive a altura para tal (e nem tive todas as informações que julgo necessárias). O que posso dizer é que pretende-se criar uma empresa de peso, unificada, modernizada e preparada para o desafio do novo milênio.
A típica empresa dos livros da moda dos negócios.

Irei visitar meus ex-colegas hoje. Já os visitei algumas vezes depois da minha saída, porém não observei mudanças relevantes. E até agora não falei sobre gestão de negócios como havia dito.
Deixarei isso para o pós-visita. É provável que eu saia inspirado de lá...

[Muitos se perguntam o que um economista aprende sobre gestão. A resposta é: nada... Mas eu explico no próximo post]

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Fim da primeira rodada de insanidade

Andei sumido aqui do blog devido as provas do mestrado.
Resumo de 3 semanas:
i. Seis latas de 350ml e duas de 250ml de Red Bull;
ii. Muita... Realmente muita comida!
iii. Média de horas de sono por noite: 4h (será?)
iv. Mínimo de horas de sono em uma noite: 1h30 - Obs.: estava sem sono, por incrível que pareça.
v. Expectativa com relação as notas das provas: Micro - entre A e B; Macro - entre R (reprovado) e C; Econometria - entre B e C;
vi. Quantidade de adjetivos dados ao professor (apenas um deles) de Macro: prefiro não falar...

Macro era a matéria que eu mais estava dedicando tempo. Meu protesto é contra o estilo da prova. três questões, duas valendo 40% e uma valendo 20%.
A primeira de 40% era para a derivação do modelo de Ramsey com a inclusão de crescimento tecnológico e depreciação. O modelo envolve otimização dinâmica e vários pressupostos.

A minha crítica é relacionada aos viés da prova, que beneficiou apenas os que decoraram este modelo (e o da segunda questão). Quem leu todos os textos e tentou ter uma ideia geral do conteudo não foi bem. Eu me incluo nesta lista.

Agora é esperar pelo Short Run...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A prova...

No post sobre a seleção brasileira comentei que o Felipe Melo era um cabeça de bagre (para não dizer coisa pior). Abaixo a prova do argumento.



Agora eu me pergunto: Ganhando tanto dinheiro e com gente para acessorá-lo, por que ele não aprende a se relacionar com as críticas? O Dunga é outro que tem a mesma chance e também não aproveita.

[SPFC] O primeiro jogo digno do ano - Cruzeiro 0 x 2 São Paulo


Basta o título do post...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Só para completar o post anterior

Coluna do Tostão, na Folha de hoje:

"AS PALAVRAS de Dunga, e também de Jorginho, estão cada dia mais parecidas com as das pessoas superconservadoras, 'patriotas' e com as dos motivadores de autoajuda, com seus discursos repetitivos e óbvios, como se existisse uma regra, um perfil, um manual para ser vencedor."

A triste convocação da seleção brasileira

Concordo com a tese de que o Dunga opta puramente pelo futebol de resultados, sem pesar adequadamente a técnica e a arte. Justamente por isso ele não convocou Paulo Henrique Ganso, apesar de deixá-lo na geladeira (lista de espera).

Dunga convocou possíveis três reservas para sua posição (Dunga), volante. Um deles é coringa e também joga na lateral direita - Daniel Alves. Imagine que para a reserva de Elano temos também Ramires e Kléberson. Tudo bem que pode haver variação de esquema e um destes substituir Felipe Melo - o maior cabeça de bagre que já vi. No começo da temporada européia foi expulso várias vezes e quando questionado, sempre achava correta sua atitude em campo. Reflexão? Para quê?
São tantas as críticas quanto ao excesso de vontade e volantes que até me perco na elaboração do argumento!


Quando o mandraque Ricardo Teixeira chamou Dunga para chefiar a seleção, esperava que formasse um grupo mais aguerrido que aquele da copa de 2006. Será que ele não desconfia que exagerou na dose?

Agora vem a parte sem escrúpulos do post. Os que os tiverem, favor não ler o trecho abaixo.
Como PH Ganso está na lista de espera, só nos resta uma das duas opções:
1) Tocer para um jogador de meio campo se machucar;
2) Forçar um destes seguir o "Pede para sair" (by tropa de elite).
[a que nível cheguei...]

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Péssimo serviço - Embratel TV

Já que o Blog é uma forma de expressar também minhas insatisfações pessoais, deixarei registrada a minha tentativa frustrada de assinar Embratel TV.

Tudo começou no dia 20 de abril. Eu ainda estava em Campo Grande (MS) e solicitei a assinatura pelo chat no site da Embratel TV. Informei que estaria em Ribeirão Preto (SP) a partir do dia 22/04. A atendente sugeriu a instalação da TV no dia 24/04 (sábado). Maravilha até então, seriam preços menores que a concorrência e em menos de 1 semana eu estaria gozando de vários canais por assinatura.

O problema começou no dia 24/04. Mas antes vou deixar claro a primeira reclamação em relação ao atendimento:
Reclamação 1 – A Embratel TV não agenda período (ou horário) para instalação.
O horário para instalação é o horário comercial, ou seja, das 8h da manhã as 18h da tarde. Eu moro sozinho e teria que ficar o dia todo disponível para instalação. Foi o que aconteceu. Por volta das 15h chegou o pessoal da instalação. Porém, fui informado que o equipamento não seria instalado aquele dia pois era necessário um suporte para telha (para a antena) e que os funcionários não tinham disponível no momento. Até aí tudo bem, tirando que eu deveria pagar R$60,00 por esse suporte, o problema seria reagendar uma data para instalação. Eles perguntaram que dia eu estaria em casa o dia todo e eu informei que poderia na segunda-feira, dia 26/04. Foram embora com a promessa de voltar na segunda-feira.

No dia 26/04 passei mais um "agradável" dia dentro de casa - o dia todo. E ninguém apareceu. Liguei na central da Embratel TV e dessa vez a desculpa foi que eu não havia reagendado a instalação. Achei estranho. Primeiro os técnicos do sábado não me informaram que o reagendamento deveria ser feito pela central - falaram que estariam aqui na segunda para instalar. Segundo porque, mesmo sendo o serviço de instalação terceirizado, deveria ser interna a comunicação de não instalação. Não deveria ser eu a ligar e sim o técnico.
Reclamação 2 – O serviço de instalação não informou o procedimento correto.
Depois de informar tudo à atendente da central, solicitei o reagendamento para terça-feira, dia 27/04. Deixei claro que era necessário um suporte para telha (para a antena) e a atendente confirmou a solicitação. Estava incluso na guia de serviço, creio eu.

Na terça-feira, dia 27/04, por volta das 14h recebi uma visita de outros técnicos da Embratel (terceirizados, como sempre) e adivinha a notícia? Eles não levaram o bendito suporte para antena. Colocaram a culpa na central. “Foi erro deles” disse um dos técnicos.
Reclamação 3 – Não há erro “deles”. O erro é de todos. Deve haver uma parceria quando se estabelece um serviço terceirizado. Ambos devem colocar o cliente em primeiro lugar, resolvendo os problemas, independente de quem cometeu os erros.
Fiquei muito p***. Falei ao funcionário para ele se virar e arrumar um suporte para instalar. Ele choramingou várias desculpas e disse que era impossível. Falou para eu entrar em contato com a central. Foi o que fiz. Soltei o verbo no telefone. Expliquei tudo e questionei se não haviam colocado na ordem de serviço do dia 27/04 a necessidade do suporte de antena. A central informou que isso estava claro no serviço. Bom, como última esperança reagendei novamente a instalação para hoje, dia 3 de maio. Novamente pedi que fosse enviado o suporte para antena e a atendente confirmou a solicitação.

Hoje... dia 03/05 adivinha o que aconteceu? Se você disse que o pessoal da instalação esqueceu o tal suporte, você errou. Eles não vieram! Fiquei o dia todo em casa, pela 3ª vez e novamente não instalaram a TV.
Reclamação 4 – Não cumpriram o reagendamento.
Ao ligar para a central, para, finalmente CANCELAR O SERVIÇO, primeiro fui transferido para o departamento de “cancelamento” e lá fui informado que o sistema estava fora do ar! Eu não havia mencionado, mas nesse período de pouco mais de uma semana era a terceira vez que eu ligava e o sistema estava fora do ar. Só por desencargo de consciência desliguei o telefone e liguei novamente. Em questão de segundos fui atendido e... o sistema estava funcionando! Olha que coisa. Tudo isso porque eu cliquei na opção de reclamação ao invés da opção de cancelamento!
Reclamação 5 – Ou o sistema da Embratel é ridiculamente ruim, a ponto de ficar fora do ar várias vezes por semana, ou os atendentes são charlatões e mentem sobre a disponibilidade do mesmo.
Fui questionado do motivo do cancelamento. Aí contei toda a história, decorada já. A atendente sugeriu um novo reagendamento para instalação. Eu disse que aceitaria se ela marcasse uma hora (ou período) para instalação, pois não estarei em casa o dia todo nos próximos dias. Ela disse ser impossível, portanto a próxima data disponível para instalação seria sábado, dia 08/05. Recusei a oferta. Pedi o cancelamento. Outro fato incrível é que eu receberei uma ligação para confirmar o cancelamento em até 5 dias. O que eles pretendem fazer? Ligar em 5 dias e oferecer um desconto? Ridículo...

Portanto, NÃO ASSINEM TV VIA EMBRATEL! Não que o serviço das outras empresas seja muito melhor, mas o da Embratel consegue ser ridiculamente horrível!

domingo, 2 de maio de 2010

Keynes vs Hayek

Na folha de hoje - (mais uma) coluna do Tostão

TOSTÃO
O Brasil vai à guerra

FALTAM 40 DIAS para começar a Copa-2010. Durante o Mundial, o Brasil para.
Nesse período, aumentam o nacionalismo e o ufanismo. Parece que o Brasil vai para a guerra, e não para uma disputa esportiva. O povo se emociona. Até os canalhas, acostumados a roubar o dinheiro público, choram após um gol, abraçados à bandeira brasileira.
Empresas exploram o nacionalismo e o orgulho nacional. Em um comercial, Dunga grita e fala em raça. Em outro, torcedores com armaduras, vestidos para a guerra, exigem que os jogadores sejam guerreiros. É a palavra da moda. Muito mais importante do que saber jogar futebol é ser guerreiro.
Se o Brasil ganhar a Copa, os jogadores serão heróis. Se perder, não será porque o adversário foi melhor, o time jogou mal ou porque as sombras do imponderável estavam do outro lado. Será porque faltou raça. Os jogadores serão hostilizados, chamados de mercenários e criticados pela falta de patriotismo.
Não há dúvidas de que, no mundo globalizado e moderno (nunca entendi a expressão da moda, pós-moderno), diminuiu, em toda a sociedade, e não apenas no futebol, o orgulho de fazer parte de uma nação.
O sonho das pessoas é ser cidadão do mundo, sem fronteiras. Não existe mais a "Pátria de Chuteiras". A pátria atualmente é a do negócio, a do trabalho.
Os grandes clubes da Europa contratam os melhores jogadores do mundo e exigem que eles se dediquem mais a quem paga seus altíssimos salários. Noto que os jogadores sul-americanos, com algumas exceções, têm mais orgulho de atuar por suas seleções do que os europeus. São também mais pressionados para vencer.
Nesse momento, todos passam a entender de futebol e a pedir as convocações de Neymar e Ganso. Neymar, superelogiado, foi duramente criticado após uma entrevista para a jornalista Débora Bergamasco, do "Estado de S. Paulo".
Entre tantas infantilidades, Neymar disse que não é preto, que alisa e pinta o cabelo de loiro, que quer ter um Porsche e uma Ferrari, que gostaria de viajar à Disney, que será obrigado a tirar título de eleitor e que não sabe quem são os candidatos à Presidência do Brasil. Em outra entrevista, ele teria dito que é metrossexual.
Além da infantilidade e da falta de cidadania, deduzo que Neymar, por seu comportamento habitual, disse tudo isso brincando e rindo, sem agressividade. Não deve nem saber o que é ser metrossexual.
O comportamento de Neymar e de milhares de jovens como ele, muitos vítimas da desigualdade social, é muito menos preocupante do que a falta de civilidade de parte da população, formada por pessoas até com diploma universitário.
Após morar afastado por mais de dez anos, voltei para a cidade. Estou horrorizado com o barulho, mesmo nos horários de silêncio, com tantos carros estacionados em lugares proibidos, com as pessoas andando no meio das ruas, correndo risco de serem atropeladas, já que os espaços nas calçadas estão ocupados por mesas de bares, além de outras infrações diárias, usuais e sociais.
Muitas dessas pessoas são as que, durante a Copa do Mundo, gritam e cantam que têm orgulho de serem brasileiras.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O pronunciamento de Lula em 29/04/2010

Muito do que lula falou no discurso de hoje, às 20h20 mais ou menos, é verdade. Tivemos aumento da massa salarial, criação de empregos, melhoria dos indicadores sociais, etc etc etc... (não necessariamente ele seja o motivo de tanta melhora).

O que é mentira é a biblioteca ao fundo. Quantos livros terá lido Lula ao longo de mais de 7 anos de governo?

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Na folha de hoje - "Neymarland" - por Fernando de Barros e Silva


FERNANDO DE BARROS E SILVA
"Neymarland"

SÃO PAULO - "Já foi vítima de racismo?" "Nunca. Nem dentro nem fora de campo. Até porque eu não sou preto, né?". Quem responde é Neymar, a nova divindade do futebol brasileiro. Mesmo quem prefere o gênio apolíneo de Paulo Henrique Ganso deve admitir que o Dionísio da Baixada hoje é "o cara".
Não é bem o caso de discutir se Neymar é ou não é preto. Nem, tampouco, de encrencar com a espontaneidade da sua resposta. Há nela muito mais inocência do que veneno. Neymar é só mais um filho pobre e alegre dessa terra desigual e misturada que ficou subitamente famoso por obra e graça de seus pés.
A entrevista a Débora Bergamasco, publicada pela coluna de Sonia Racy no jornal "O Estado de S. Paulo", é reveladora do que vai na cabeça do jovem moicano da Vila.
A parte chata do sucesso? "Não tem parte chata. É sempre legal". Um sonho de consumo? "Queria um carrão". Mas já não comprou um por R$ 140 mil? "Queria um Porsche amarelo e uma Ferrari vermelha na garagem". Tipo de mulher? "Linda". Prefere as loiras? "Sendo linda tá tudo certo".
Alisa os cabelos? "Tem que alisar para o moicano espetar. E também pinto de loiro". Para onde gostaria de viajar? "Para a Disney. Gosto de parque de diversões, de brinquedos radicais". Tirou título de eleitor? "Não, nem queria, mas vou ter que tirar". Sabe quem são os candidatos a presidente? "Não sei, não".
A família de Neymar é evangélica. O pai gerencia os rendimentos do filho e todo mês dá 10% à igreja.
O que pensar disso tudo? Que talvez não seja descabido ver nesse mundo infantilizado de fantasias e clichês de consumo a nossa "Neverland". Há, inclusive, algo da figura etérea de Michael Jackson na arte de Neymar.
E, se existe hoje algo como um "brazilian dream", ele poucas vezes esteve tão bem caracterizado como aqui, em "Neymarland".
Há no país 37 milhões de jovens de 16 a 24 anos. Metade deles não estuda. Pergunte o que gostariam de ser ou de ter sido. Quantos deles responderiam "Neymar"?


Precisa dizer algo a mais? 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Será?

No site do Estadão está a manchete: ‘Ser empresário hoje é mais fácil do que há vinte anos’, diz Roberto Bielawski (link aqui).

Concordo em parte. Ao mesmo tempo que a economia está crescendo, os preços são relativamente estáveis e o crédito está mais acessível, as estatísticas do SEBRAE apontam que boa parte das empresas abertas são fechadas antes dos dois anos de funcionamento.

Roberto Bielawski vem de família nobre e é instruído, mas esqueceu-se que nem todos tem a mesma oportunidade (quanto à última vantagem). Não adianta ter nenhuma dessas facilidades descritas no parágrafo acima se o empresário não tiver racionalidade para usá-las. O fato do fechamento precoce de empresas é reflexo da ausência de capacitação de nosso povo empreendedor.

E não há SEBRAE que cubra todas as carências educacionais de um povo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A igrejinha de Dunga - Coluna do Tostão - FSP - 18/04/10

Na folha de ontem.
A igrejinha de Dunga

A presença do auxiliar Jorginho e de vários atletas evangélicos e obedientes facilita o estilo rígido de Dunga

DUNGA DISSE novamente, dessa vez na Academia Brasileira de Letras, que, no futebol e na vida, o que importa é o resultado.

Fique tranquilo. Dunga foi apenas convidado. É um hábito da Academia chamar pessoas de destaque na sociedade para um encontro.

Dunga não é candidato ao cargo de imortal, mesmo se o Brasil for campeão e ele escrever mais um original livro sobre como ser um vencedor. Ricardo Teixeira faria o prefácio, e o auxiliar Jorginho, a orelha. Dunga só não pode publicar antes da Copa, como fez Parreira em 2006.

O que é ter resultados na vida, fora do futebol?

Se tornar um profissional vitorioso, rico e famoso, mesmo que seja por meios não muito legais e éticos? Aparecer e ser campeão no "Big Brother"?

Ou ser um homem simples e bom, sem nenhuma pretensão de ser herói?

Dunga e Jorginho formam uma boa dupla. Estão entrosados e já mostraram que têm bons conhecimentos técnicos e táticos. É a união do técnico mal-humorado, tosco, que não aceita críticas, com o auxiliar evangélico e tranquilo.

Se qualquer outro treinador dissesse que só interessa o resultado, ninguém se incomodaria, já que todos os times do mundo, de todas as épocas, entram em campo para vencer. Já Dunga dizendo isso, por seu habitual comportamento, gera outras leituras.

Depois de tantos bons resultados, a maioria concorda com o jeito pragmático de Dunga. Vivemos em uma sociedade consumista, competitiva, do espetáculo, em que a única coisa importante é a vitória, a glória e a fama. As pessoas não querem ser amadas. Querem ser vencedoras, admiradas e bajuladas.

Muitos acham ainda que, para dirigir uma seleção na Copa, é necessário, além de ser operatório e disciplinado, que o treinador seja rígido e nacionalista, uma mistura de um ditador com um Policarpo Quaresma. Para esses, com Dunga, não se repetiria o fracasso de 2006, quando Parreira foi chamado de bonzinho e frouxo por permitir tantas arruaças.

Dunga nunca vai entender por que a seleção de 1982, eliminada pela Itália, é mais elogiada que a de 1994, campeã do mundo.

Dunga passa a impressão de que a vitória lhe proporciona mais sofrimento que prazer e que ainda pode xingar os críticos, como fez em 1994, ao levantar a taça. Para ele, perder jogando bem deve ser muito pior que perder jogando mal. Sofre mais.

Apesar de não ter admiração pelo estilo de Dunga, reconheço sua eficiência no comando da seleção.

A maioria dos jogadores prefere técnicos rígidos e que tomam todas as decisões. É uma maneira de os jogadores transferirem para o técnico a responsabilidade pelas derrotas e pelas vitórias.

A presença de vários atletas evangélicos e obedientes na equipe facilita o trabalho do treinador. É a igrejinha de Dunga.

Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal será Dunga. Isso já está decidido. É valorizar demais o treinador, seja quem fosse. É também uma maneira estreita de se analisar futebol, um esporte que, com frequência, é decidido, entre equipes do mesmo nível, pelo acaso e por fatores inusitados, que vão além da racionalidade doentia de Dunga.

domingo, 11 de abril de 2010

O poder social da fé

Na folha de hoje (11/04/2010), coluna do Marcelo Gleiser:

"Começo hoje com a definição de mito dada por Joseph Campbell, uma das grandes autoridades mundiais em mitologia: 'Mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre'. Sabemos que mitos são narrativas criadas para explicar algo, para justificar alguma coisa. Na prática, não importa se o mito é verdadeiro ou falso; o que importa é sua eficiência.

Por exemplo, o mito da supremacia ariana propagado por Hitler teve consequências trágicas para milhões de judeus, ciganos e outros. O mito que funciona tem alto poder de sedução, apelando para medos e fraquezas, oferecendo soluções, prometendo desenlaces alternativos aos dramas que nos afligem diariamente.

A fé num determinado mito reflete a paixão com que a pessoa se apega a ele. No Rio, quem acredita em Nossa Senhora de Fátima sobe ajoelhado centenas de degraus em direção à igreja da santa e chega ao topo com os joelhos sangrando, mas com um sorriso estampado no rosto. As peregrinações religiosas movimentam bilhões de pessoas por todo o mundo. É tolo desprezar essa força com o sarcasmo do cético (...)"
 
Edir macedo que o diga!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A pressão sobre a próxima reunião do Copom

O Boletim Focus desta semana aponta nova alta na expectativa de inflação para 2010. O IPCA (índice utilizado no controle das metas de inflação) tem altas consecutivas a 11 semanas seguidas e o mercado agora aposta em 5,18% para 2010; IGP-DI e IGP-M também apresentam altas - estes a 12 semanas consecutivas. Isso a pouco mais de 3 semanas da última reunião do Copom. Teria Meireles optado por uma estratégia puramente eleitoral? E agora que desistiu da eleição, irá aumentar os juros?

É consenso que esta alta virá na próxima reunião. A dúvida é no tamanho da paulada: 0,5%; 0,75% ou, quem sabe, 1%?


De qualquer maneira, a motivação do post não é essa. Chamo atenção para um assunto correlato.
Até que ponto o mercado decide o futuro do país? É claro que o mercado é fator determinante - se não principal - na construção do país. Mas o que define os juros é a expectativa do mercado ou a expectativa do Bacen? Ou são ambas a mesma coisa?

Na faculdade escutamos muito sobre profecias auto-realizáveis. O caso do juro brasileiro é o segundo melhor exemplo para a definição (a primeira continua sendo a corrida aos banco em uma "fofoca" de quebra). O mercado vai semana a semana mandando suas expectativas ao Bacen e este utiliza essas expectativas para formar as suas. Não há dúvida disso. Aonde ficariam as projeções dos analistas do Bacen? Teria o Bacen condições de nadar só contra a maré?

Gostaria de ter as respostas...

sábado, 27 de março de 2010

Ainda sobre o funcionalismo público

Lembrei de um texto muito interessante sobre a Reforma do Estado.
Foi um tema muito discutido na transição do governo do Itamar Franco para a do Fernando Henrique.
A lógica da transição de uma situação de inflação elevada para um ambiente estável, com âncora cambial, deveria também ter como suporte um estado mais eficiente.

O documento oficial é assinado por Bresser-Pereira (quem diria hein). Outros colaboradores para o texto são FHC, Pedro Malan (então ministro da fazenda), José Serra (então ministro do planejamento). O texto oficial pode ser baixado aqui.

A conexão entre o documento e o post anterior reside na proposta de flexibilização do regime de estabilidade do servidor público. A proposta é válida para os servidores estatuários. Segundo o texto:
"a flexibilização da estabilidade dos servidores estatutários, permitindo-se a demissão, além de por falta grave, também por insuficiência de desempenho e por excesso de quadros".
Não há lógica em manter a atual posição de estabilidade incondicional. (você já viu algum servidor público ser demitido por falta grave?)

Acho difícil que alguma autoridade queira perder o apoio dessa massa. Não há horizonte para mudança.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reajustes do setor público

Hoje estávamos brincando de sardinha no carro, depois da aula, eu e alguns colegas de sala. Ainda no campus da USP-RP passou um carro com um som (alto) dizendo que haverá reunião dos funcionários administrativos hoje a tarde. Estes desejam reajuste salarial de 6%.

O motivo dessa análise é extremamente viesado. Vou falar pura e simplesmente por uma amostra pequena dos funcionários públicos.

Estou estudando na minha segunda universidade pública. Além disso, já passei algum tempo em órgãos públicos como Detran e Postos de Saúde. Convivi com alguns funcionários públicos e já escutei amigos falarem que desejam passar em algum concurso público para "ganhar bem e trabalhar pouco". Já disse e enfatizo: é uma amostra viesada! Peço desculpa aos funcionários públicos eficientes. É digno de nota também que esta análise encontra problemas metodológicos no que tange a experiência microeconômica (fajuta) ampliada para a análise macro. Enfim, é um "palpitão".

A afirmação que inicia a história é a seguinte: O funcionário público é, em geral, menos eficiente que o privado; além disto, os primeiros também são muito mais exigentes. Explico:

Aprende-se nos cursos de economia que o salário (real) dos trabalhadores deve crescer juntamente com a produtividade (marginal) do trabalho. Ou seja, os salários podem subir, desde que haja compensação na qualidade/quantidade dos serviços prestados à sociedade. Isso significaria que para dar suporte a um pedido destes, deveria haver meios de avaliar o serviço prestado. [Esta é a parte séria da análise]

Voltando à amostra: Em média, você acha que é bem atendido no funcionalismo público? Você acha os serviços prestados eficientes? A minha resposta é: em média, para ambas as perguntas, não.

Um colega meu, ao escutar meu ponto de vista, defendeu os funcionários dizendo que muitos salários encontram-se defasados e que seria justo tal aumento. Eu respondo assim:

Não sei qual foi o último reajuste dos funcionários administrativos. Mas se há defasagem, deveria ser concedido apenas algum ajuste ligado ao IPC. Ajustes indexados ao salário mínimo ou comparativos aos reajustes da indústria, por exemplo, não são válidos. Isso porque houve crescimento real destes nos últimos anos. Todavia, os o salário mínimo parte da ideia de política distributiva e o aumento da indústria teve respaldo no crescimento da produtividade. O que não aparenta ser o caso dos funcionários públicos.

De qualquer maneira, eu até abraçaria a causa deles se eles provassem que houve melhora no serviço público ao invés de simplesmente "reeinvindicar seus direitos".
[Ficaria muito feliz também se fosse mais bem tratado por todos ao utilizar a coisa pública]