domingo, 22 de agosto de 2010

Tostão de novo [02]

Na folha de hoje:

"[...]
O ser humano está sempre atrás de certezas, de explicações definitivas e do milagre, que deem sentido à vida. Pessoas, travestidas de sábias, explicam tudo, desde as coisas óbvias e banais até as eternas dúvidas existenciais. Alguns falam, e a maioria repete.
Quem pensa diferente é, no mínimo, visto com estranheza, ainda mais se não fizer parte da mesma patota. No futebol, é a mesma coisa.
Contardo Calligaris escreveu nesta Folha na última quinta-feira: 'Quando a mídia é de massa, não há mais diferença entre manipuladores e manipulados, pois os próprios manipuladores, expostos à mídia, são manipulados por suas produções. Ou seja, progressivamente, todo o mundo pensa as mesmas trivialidades'.
"

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O problema da baixa fertilidade

Uma vez discuti com alguns amigos sobre a "vantagem" do bolsa família em limitar o número de filhos beneficiados em três. O casal de amigos de classe média, que tinha apenas um filho, discordou seriamente da política. "Para que ter três filhos?"

Bom. O Brasil ainda não tem problemas de baixa natalidade, mas o terá em um futuro breve. A pirâmide etária do Brasil sofreu uma mudança drástica em pouco mais de vinte anos - na Europa essa mudança demorou um século.

Hoje estava pesquisando modelos econométricos nas bases de dados científicas e me deparei com um working paper da Harvard School, intitulado: The High Cost of Low Fertility in Europe (Bloom et al., 2008).
Em suma, o estudo diz que uma queda na fertilidade provoca uma diminuição da população dependente (filhos - estudantes) e um aumento na parcela da população em idade de trabalhar. Esta dinâmica faz com que a renda per capita aumente. Nada de novo até aí.

O Grande lance está no longo prazo. A parcela da população que trabalha hoje e tem idade avançada estará aposentada no futuro e teremos uma pequena parcela da população apta a trabalhar (e bancar a população idosa). A solução é "importar pessoas" com idade de trabalhar dos países pobres? Como se problemas de xenofobia não existissem...

Países como Zâmbia, com uma alta taxa de fertilidade deveriam diminuí-la, ao contrário de países europeus, cuja fertilidade deveria ser estimulada. Nos países do oeste europeu, mantida a longevidade, é esperada, nas próximas décadas, uma diminuição no número de pessoas em idade de trabalhar de 25%.

Moral da história. O ideal é chegar a uma proporção constante de velhos e jovens na população. A chamada taxa de reposição, que contempla essa proporção, é de 2,1 filhos por mulher. No Brasil essa taxa já foi de 6 filhos na década de 1960, 4,5 filhos na década de 1970 e hoje, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) é de 1,8 filhos - abaixo da taxa de reposição.

É por isso que o bolsa família "estimula" que a mulher tenha até três filhos!

sábado, 7 de agosto de 2010

Proposta ao São Paulo

O São Paulo jogou bem em pouquíssimos jogos este ano. Fruto do trabalho fraco de Ricardo Gomes? Talvez. Mais provável que não. Desde que Muricy Ramalho ainda estava no São Paulo o time já jogava "feio". Era o famoso futebol de resultados que fora efetivo, conquistando louváveis três títulos nacionais consecutivos. Quiçá haveria um quarto título caso Muricy não fosse despedido. Como são-paulino, confesso não gostar de ver o futebol jogado pelo time a muito tempo. Ainda na era Muricy havia a necessidade de um meia-armador, seja rápido-condutor (estilo Kaká), seja clássico (organizador-pensador, estilo Ganso e Zidane). Com um jogador destes, Hernanes poderia jogar como jogou contra o Inter: segundo volante. Só não digo que comeu a bola no jogo pois não levou o time às finais da Libertadores. Mas jogou muito, muito mesmo, e espero que mantenha a posição e desempenho no jogo do Brasil, nesta terça-feira. Também ressalvo as contratações de Alex Silva e Ricardo Oliveira. Jogaram muito bem e serão reforços importantes para o brasileirão.

Porque falei isso até agora? Hernanes é prata da casa, assim como Alex Silva. Ricardo Oliveira é atacante importante um dos melhores atuando no país. São bons jogadores.

Jogadores entram no time com o aval da presidência, sobretudo. O técnico muitas vezes tem as mãos atadas. É papel da direção atrair bons jogadores e também promover a integração das categorias de base com o plantel principal. E é esse o ponto falho nas últimas campanhas do São Paulo. Há uma política para gastar pouco e por vezes contrata-se vários jogadores para a mesma posição, sejam eles de qualidade ou não. Não contrata-se jogadores para as posições carentes do time. Não se pode gastar! Sou economista e efetivamente contra o déficit dos clubes, mas é preciso ter visão de longo prazo. Contratar o necessário. Montar boas equipes, ganhar títulos e, assim, ter retorno. Também é necessário valorizar o que se tem. Como conseguiram deixar Oscar trocar de time? O garoto que é bom de bola jogou pouco, deveria ter muito mais oportunidades! Digo o mesmo de Henrique.

Falta ao São Paulo ter um objetivo: Montar uma boa equipe, que agrade ao torcedor e que dispute títulos (não dispute títulos). Esse objetivo passa pelos argumentos ditos acima. Se o objetivo for atingido, talvez o clube consiga agradar até um bom patrocinador e não precisar fazer aquele outdoor ridículo na camisa do clube… Mas isso é papo para outra hora…

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tostão de novo [01]

Na Folha de São Paulo de hoje:

"[...] O conteúdo do vídeo com os jogadores do Santos, mostrado umas mil vezes nos programas de televisão -as imagens são ótimas-, não é um problema apenas do futebol e do Santos. É também de parte da juventude.
As redes sociais trazem benefícios e também o caos. Além disso,
as pessoas, cada vez mais, adoram se exibir pela internet. A brincadeira e a alegria espontânea estão muito próximas da idiotice, da irresponsabilidade e da barbárie.
É um mundo esquisito, esquizofrênico.
"