quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Manifesto em Defesa da Democracia


“Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.
Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.
Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.
É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.
É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.
É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.
É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.
É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há ”depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no ”outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.
É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.
É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.
É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.
Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.
Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.
Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos”.

(Escrito por vários autores, dentre eles o jurista Hélio Bicudo, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o poeta Ferreira Gullar, o ator Carlos Vereza e o historiador Marco Antonio Villa)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Os escândalos nas eleições presidenciais

É engraçado a quantidade de escândalos políticos que são divulgados próximo às eleições. Em 2006 foi o mensalão; este ano é o escândalo da casa Civil.
Condeno toda e qualquer forma de uso impróprio do dinheiro público. O povo, apesar de não querer ser, é falho e tende a reeleger os mesmos sangue-sugas. Uma maneira de atenuar tal condição seria extinguir a reeleição, inclusive colocando um limite de vida pública eleitoral: obrigar a pessoa a ter uma vida civil igual a de todos os brasileiros na maior parte da vida, conquistando seu lugar no mercado de trabalho.

Voltando aos escândalos. Chega a ser engraçado como o PSDB e as revistas sensacionalistas guardam os escândalos para os momentos críticos da eleição. Em 2006 o mensalão foi utilizado para diminuir a popularidade de Lula em uma eleição que já era dada como perdida por Geraldo Alckmin. Neste ano acontece o mesmo, mudam os fantoches. Errados estão o PT e o PSDB. O primeiro porque já aprendeu a viver da teta do estado. O segundo porque deixa o inimigo mamar e só reclama na hora que lhe convém.

sábado, 18 de setembro de 2010

Coluna do André Plihal, jornalista da ESPN (link aqui).

"Vira e mexe vejo torcedor fazendo protesto na porta(ou dentro)de clube, cobrando vergonha na cara de jogador de futebol.

 Nunca vejo ninguém indignado na porta da Câmara e do Senado.

 Moleques de 18 anos xingam um superior(erradíssimo) ou resolvem trocar o “nome artístico” e são condenados por todos na mesma hora.

 Raposas de 50, 60 roubam o povo descaradamente e sequer vão a julgamento.

 Estranho, contraditório esse nosso país né ?!

 Os debates dos jogos da rodada, de quem está bem, quem está em crise, devem continuar acontecendo, assim como as discussões sobre o comportamento do Neymar, o Lucas que virou Marcelinho e quis voltar a ser Lucas...

 Só gostaria que a participação popular que a gente vê no esporte, se espalhasse para a política nacional. 

 Não para evitar o ingresso dos “tiriricas da vida” no plenário. Isso é pequeno.

 O problema maior está nos que usam ternos impecáveis, colarinhos brancos e cometem poucos erros de português."

domingo, 12 de setembro de 2010

O Triste Continuísmo em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul ostenta a modesta décima sétima posição na economia nacional. Em termos per capita, a situação é melhor, ocupando a décima primeira posição. Mas não é sobre dados econômicos que pretendo comentar. Minha crítica reside no continuísmo de um estado que custa a avançar – que insiste em manter a modéstia no cenário nacional.

Vivemos um período eleitoral. Tempo de escolher novos rumos e, quiçá, melhorar nosso panorama. Não vou perder o tempo do leitor falando das constantes reeleições nos cargos do executivo – apenas cinco governadores foram eleitos por voto popular em 30 anos, só Marcelo Miranda não foi reeleito. André Puccinelli tenta ser reeleito, enquanto Zeca do PT, depois de quatro anos de férias, quer voltar ao Parque dos Poderes. Lamentável…

Concentrar-me-ei nas cadeiras de deputado estadual, com número suficiente para uma melhor comparação. Mato Grosso do Sul apresenta 24 vagas para a Assembléia Legislativa Estadual e de acordo com a pesquisa do IPEMS (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), quase 60% da assembléia estará reeleita – valor próximo a última eleição, na qual 54% dos deputados estaduais mantiveram suas cadeiras.
Não há nenhum problema em reeleger aqueles que fazem um bom trabalho para o estado. O problema é o estado permanecer à margem da economia nacional. Chamo a atenção apenas para o continuísmo político. Se a pesquisa 34.100/2010 do IPEMS for confirmada, teremos 6 candidatos reeleitos uma vez, um candidato reeleito pelo terceiro mandato e sete (acredite!) reeleitos por cinco (acredite novamente!) ou mais mandatos. Seria o oitavo mandato de Londres Machado; o sétimo de Maurício Picarelli; o sexto de Ary Rigo e Onevan de Matos; o quinto de Arroyo, Jerson Domingos e Zé Teixeira; e o terceiro de Pedro Teruel. Isso porque Akira Otsubo, deputado estadual por seis vezes agora é candidato a deputado federal. Eu ainda consideraria no páreo, em função da razoável margem de erro, Paulo Corrêa, na cadeira a três mandatos; e Pedro Kemp, eleito nas duas últimas eleições.

Considero um absurdo um homem público permanecer no poder por oito anos (sou a favor do mandato de cinco anos sem reeleição). Não consigo encontrar outra palavra para expressar a permanência de 12, 16, 20 ou mais anos no poder. Muitos são pessoas que vivem dos cofres públicos por toda sua vida. São os políticos profissionais na busca constante pelo poder. Peço desculpas aos que já ostentaram algum destaque em qualquer outro ramo, mas muitos provavelmente não encontrariam, por exemplo, uma ocupação em alguma empresa privada. Caso não eleitos, seriam nomeados secretários, assistentes, ou recuariam para as cadeiras do legislativo municipal. Essa triste história pode criar as pulgas do sistema político brasileiro, vide o recente escândalo na cidade de Dourados.

Na ânsia de poder um dia me expressar do meu estado como referência de desenvolvimento, peço aos eleitores sul-matogrossenses um pouco mais de atenção na escolha de seus representantes. Não sejam ingênuos em acreditar que o MS já ostenta posição de respeito fora do estado. Quem olha de fora sabe que assim não é. Sejamos sensatos neste 3 de outubro.