domingo, 12 de setembro de 2010

O Triste Continuísmo em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul ostenta a modesta décima sétima posição na economia nacional. Em termos per capita, a situação é melhor, ocupando a décima primeira posição. Mas não é sobre dados econômicos que pretendo comentar. Minha crítica reside no continuísmo de um estado que custa a avançar – que insiste em manter a modéstia no cenário nacional.

Vivemos um período eleitoral. Tempo de escolher novos rumos e, quiçá, melhorar nosso panorama. Não vou perder o tempo do leitor falando das constantes reeleições nos cargos do executivo – apenas cinco governadores foram eleitos por voto popular em 30 anos, só Marcelo Miranda não foi reeleito. André Puccinelli tenta ser reeleito, enquanto Zeca do PT, depois de quatro anos de férias, quer voltar ao Parque dos Poderes. Lamentável…

Concentrar-me-ei nas cadeiras de deputado estadual, com número suficiente para uma melhor comparação. Mato Grosso do Sul apresenta 24 vagas para a Assembléia Legislativa Estadual e de acordo com a pesquisa do IPEMS (Instituto de Pesquisas de Mato Grosso do Sul), quase 60% da assembléia estará reeleita – valor próximo a última eleição, na qual 54% dos deputados estaduais mantiveram suas cadeiras.
Não há nenhum problema em reeleger aqueles que fazem um bom trabalho para o estado. O problema é o estado permanecer à margem da economia nacional. Chamo a atenção apenas para o continuísmo político. Se a pesquisa 34.100/2010 do IPEMS for confirmada, teremos 6 candidatos reeleitos uma vez, um candidato reeleito pelo terceiro mandato e sete (acredite!) reeleitos por cinco (acredite novamente!) ou mais mandatos. Seria o oitavo mandato de Londres Machado; o sétimo de Maurício Picarelli; o sexto de Ary Rigo e Onevan de Matos; o quinto de Arroyo, Jerson Domingos e Zé Teixeira; e o terceiro de Pedro Teruel. Isso porque Akira Otsubo, deputado estadual por seis vezes agora é candidato a deputado federal. Eu ainda consideraria no páreo, em função da razoável margem de erro, Paulo Corrêa, na cadeira a três mandatos; e Pedro Kemp, eleito nas duas últimas eleições.

Considero um absurdo um homem público permanecer no poder por oito anos (sou a favor do mandato de cinco anos sem reeleição). Não consigo encontrar outra palavra para expressar a permanência de 12, 16, 20 ou mais anos no poder. Muitos são pessoas que vivem dos cofres públicos por toda sua vida. São os políticos profissionais na busca constante pelo poder. Peço desculpas aos que já ostentaram algum destaque em qualquer outro ramo, mas muitos provavelmente não encontrariam, por exemplo, uma ocupação em alguma empresa privada. Caso não eleitos, seriam nomeados secretários, assistentes, ou recuariam para as cadeiras do legislativo municipal. Essa triste história pode criar as pulgas do sistema político brasileiro, vide o recente escândalo na cidade de Dourados.

Na ânsia de poder um dia me expressar do meu estado como referência de desenvolvimento, peço aos eleitores sul-matogrossenses um pouco mais de atenção na escolha de seus representantes. Não sejam ingênuos em acreditar que o MS já ostenta posição de respeito fora do estado. Quem olha de fora sabe que assim não é. Sejamos sensatos neste 3 de outubro.

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