sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O infeliz imediatismo financeiro

Hoje me ocorreu algo relativamente freqüente. Aparentemente ainda tenho perfil físico de estudante universitário de graduação e por isso as pessoas sempre me questionam: - Tá na faculdade? Eu sempre respondo: - Não, já terminei. A segunda pergunta sempre é dupla: Tá trabalhando? Tirando uma boa grana?

São vários os especialistas que apontam o imediatismo financeiro como o próximo mal do século. Eu já vejo por dois lados. Há uma linha racional nos jovens imediatistas, apesar destes serem a grande minoria. A maior parte, como dizem os especialistas, é de jovens imediatistas “iludidos”. Acham que o reconhecimento financeiro deve ser, além de imediato, sem esforço.

Durante a faculdade vários colegas reclamavam aos professores que “puxavam” muito a matéria. Não queriam muita exigência. Boa parte queria apenas o título de nível superior. Encontrei um calouro no banco e ele me perguntou se eu já havia formado. Respondi afirmativamente. A segunda pergunta foi a mesma do primeiro parágrafo.

Não sou idiota a ponto de pensar em um mundo como o de Alice, onde todos estudam unicamente pelo doce sabor do saber. Todavia, creio que antes da recompensa há muitas horas de estudo e trabalho árduo. O fluxograma (ridículo) abaixo ilustra o fato:



É notável que o caminho racional é longínquo. Até porque o dinheiro no fim do trajeto pode ou não aparecer. Pode ou não ser o esperado de início. Trata-se de uma questão de probabilidades, contatos, competência e auto-crítica.

3 comentários:

Celeste disse...

Concordo com tudo o que vc disse, mas não há como negar que o dinheiro pode ser um bom estímulo ao esforço, para os "racionais". Afinal, como se esforçar sem ter condições de comprar a sua comida, ler bons livros, acessar a internet, dirigir o seu carro?
Pros formados que continuam com os pais talvez seja mais fácil( pq o esforço continua sendo dos pais, e nao do indivíduo).
O fato é que o término da faculdade marca um ponto da vida, já socialmente estabelecido: a obrigatoriedade da conquista de uma independência financeira.

Trata-se de uma questão muito mais compexa...

Anônimo disse...

Prezada Celeste

Concordo com você na questão do pacto social estabelecido após o término da graduação.

O que eu questiono no post não é isso. O questionado é apenas a ordem dos acontecimentos. As pessoas em geral querem ganhar bem antes de serem bons profissionais.

O que eu considero correto seria ser um bom profissional e ganhar bem por isso.

Parece bobagem, mas faz toda a diferença...

Anônimo disse...

Meu comentário fará alusão a todos os posts relacionados ao assunto. Tenho 23 anos de idade e estou terminando o mestrado em economia, ingresso ano que vem no doutorado, se ganho algum dinheiro é a bolsa do governo. Tenho um colega coordenador do curso de economia da universidade federal de viçosa aos 25 anos. Conheço pessoas que aos 25 anos ganham mais de 15 mil por mes em bancos privados, pessoas que como primeiro emprego passaram para concurso publico de salario superior a 10 mil por mes. O que todas essas pessoas têm em comum??? todas estudaram, e muito, algumas somente fizeram a graduação, mas com certeza não foram daqueles alunos que reclamavam de ler dois capitulos por semana, outros concluiram ou estão no doutorado, mas o importante é que todos escolheram o estudo como meio para chegar ao fim... todos deixaram em algum momento de "curtir" com a galera pra estudar pra uma prova. Então dinheiro vem... mas antes, o suor será inevitavel. Se vc jogar na loto todo dia muito dificilmente ganhará, se vc estudar e trabalhar todo dia, provavelmente terá uma vida confortavel e prazerosa. Ou seja, concordando mais uma vez, não é nem a profissão nem o diploma que trazem dinheiro, mas sim o esforço e o trabalho... e nessa crença continuo estudando e continuo sem trabalhar quase 3 anos apos conseguido meu querido diploma. E como ultima observação, entre as pessoas supracitadas, algumas contaram, sim, com a ajuda dos pais, mas a maioria saiu de casa logo apos o término da graduação e sobrevivei de alguma forma, com pouco conforto mas com um grande ideal...