segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Faca de dois gumes

Não é recente a disputa entre financistas liberais e restritivos.
Enquanto a teoria mainstream aponta a favor dos primeiros, os dados empíricos dão causa favorável aos segundos. Isso é o que demonstra artigo recente publicado pelo IPEA (download aqui).


O texto é escrito por pesquisadores de linhagem Keynesina, com ligação à UFRJ. O que chama atenção no assunto é que os liberais costumam ser os defensores árduos da comprovação empírica...

O resumo da ópera, para países emergentes, é:
a) Argumentos favoráveis à abertura financeira: Teoria dos Mercados Eficientes (informação simétrica e racionalidade dos agentes) + Teorema Hecksher-Ohlin (retornos inversamente proporcionais a disponibilidade de fatores);
b) Argumentos desfavoráveis à abertura: Teoria da Informação Assimétrica + Teoria dos Custos de Transação (custos de obtenção de informação endêmicos nos mercados financeiros)

A análise realizada no estudo, para o Brasil, remete ao item "b". Neste sentido, são outros os fatores que determinam fluxos de capital ao país, que não a liberalização financeira. Além disso, não há evidência de associação entre variáveis de interesse (PIB, juros e preços) e liberalização.




A consideração (talvez infeliz) do blogueiro é que mesmo com liberalização gradual desde 1994, o país sofreu sucessivas variações nas contas de capital, todas elas ligadas a crises financeiras internacionais (ponto relevado no texto), vide a atual crise financeira mundial. Na teoria, o fluxo de capital é motor importante do crescimento. Na prática, a súbita redução do fluxo provoca um pânico desnecessário e maléfico à economia do país.
Todavia, o Brasil (capa da Economist de semanas atrás) é visto como um bom investimento na pós-turbulência, muito em função de medidas liberais adotadas recentemente. Resta saber a quem será favorável o próximo capítulo dessa história sem fim.

Nenhum comentário: