sexta-feira, 26 de março de 2010

Reajustes do setor público

Hoje estávamos brincando de sardinha no carro, depois da aula, eu e alguns colegas de sala. Ainda no campus da USP-RP passou um carro com um som (alto) dizendo que haverá reunião dos funcionários administrativos hoje a tarde. Estes desejam reajuste salarial de 6%.

O motivo dessa análise é extremamente viesado. Vou falar pura e simplesmente por uma amostra pequena dos funcionários públicos.

Estou estudando na minha segunda universidade pública. Além disso, já passei algum tempo em órgãos públicos como Detran e Postos de Saúde. Convivi com alguns funcionários públicos e já escutei amigos falarem que desejam passar em algum concurso público para "ganhar bem e trabalhar pouco". Já disse e enfatizo: é uma amostra viesada! Peço desculpa aos funcionários públicos eficientes. É digno de nota também que esta análise encontra problemas metodológicos no que tange a experiência microeconômica (fajuta) ampliada para a análise macro. Enfim, é um "palpitão".

A afirmação que inicia a história é a seguinte: O funcionário público é, em geral, menos eficiente que o privado; além disto, os primeiros também são muito mais exigentes. Explico:

Aprende-se nos cursos de economia que o salário (real) dos trabalhadores deve crescer juntamente com a produtividade (marginal) do trabalho. Ou seja, os salários podem subir, desde que haja compensação na qualidade/quantidade dos serviços prestados à sociedade. Isso significaria que para dar suporte a um pedido destes, deveria haver meios de avaliar o serviço prestado. [Esta é a parte séria da análise]

Voltando à amostra: Em média, você acha que é bem atendido no funcionalismo público? Você acha os serviços prestados eficientes? A minha resposta é: em média, para ambas as perguntas, não.

Um colega meu, ao escutar meu ponto de vista, defendeu os funcionários dizendo que muitos salários encontram-se defasados e que seria justo tal aumento. Eu respondo assim:

Não sei qual foi o último reajuste dos funcionários administrativos. Mas se há defasagem, deveria ser concedido apenas algum ajuste ligado ao IPC. Ajustes indexados ao salário mínimo ou comparativos aos reajustes da indústria, por exemplo, não são válidos. Isso porque houve crescimento real destes nos últimos anos. Todavia, os o salário mínimo parte da ideia de política distributiva e o aumento da indústria teve respaldo no crescimento da produtividade. O que não aparenta ser o caso dos funcionários públicos.

De qualquer maneira, eu até abraçaria a causa deles se eles provassem que houve melhora no serviço público ao invés de simplesmente "reeinvindicar seus direitos".
[Ficaria muito feliz também se fosse mais bem tratado por todos ao utilizar a coisa pública]

Um comentário:

Pedro Garcia disse...

Muito bem colocado nobre colega. Devo apontar especificamente que a qualidade do servico prestado e que deveria servir de medida para a produtividade deste trabalhador e nao o conceito que aprendemos em contabilidade social. E preciso tomar cuidado pois existem alguns picaretas que exaltam a eficiencia do setor publico com base em falsas premissas. Vale dar a olhada.
http://maovisivel.blogspot.com/2009/08/analise-critica-da-nota-do-ipea-sobre.html