quarta-feira, 17 de março de 2010

O Copom, Krugman e eu

O único assunto que une estas três figuras é o interesse pelos juros brasileiros.

Na verdade, a motivação desse post veio poucos minutos antes da decisão do Copom, que manteve a Selic em 8,75% a.a.; mas ainda serve para análises futuras.
O Banco Central tem sido um órgão de extrema competência na manutenção das taxas inflacionárias a níveis aceitáveis. Tomou decisões criticadas pelos mais progressistas devido, principalmente, a (ir)responsabilidade da política fiscal. Manteve a inflação dentro da banda usando a regra dos juros elevados.

O mais engraçado é que no momento da grande crise deste século - até agora - é que esse conjunto de fatores foi importante para a recuperação do Brasil. Os gastos governamentais, vistos como excessivos, ajudaram a manter a renda no momento da crise. Basta olhar para a quantidade de pessoas contratadas pelas esferas públicas. O juro recorde mundial era um colchão de gordura para a redução gradativa, conforme a crise se agravava. Ainda assim tivemos decrescimento de 0,2%.

O momento agora é outro "pero no mucho". A economia está aquecida novamente. Já há pressão nos preços. E aí vem uma nova pressão para alta nos juros.
Agora entra Krugman. Em um post de seu blog traduzido no Estadão ele argumenta sobre a armadilha da liquidez. Confesso que foi o texto (simples) mais esclarecedor sobre o tema que já li.

Acontece que o juro nominal já é quase zero nos EUA, Japão, Europa (incluindo Inglaterra) e Austrália. E nesses países o crescimento ainda não está retomado. O que acontece é que para estimular o crescimento a taxa de juros nominal nesses países teria que ser negativa, fato ainda não visto neste planeta (pelo menos por mim). É um questionamento a política adotada no pré-crise.
E o que isto tem a ver com o Copom?

Bom. Na verdade temos um dilema. O que deveremos fazer a partir de agora? Manter a receita neoclássica: Ou diminuímos gastos públicos ou aumentamos os juros para manter os preços? Esquecemos de vez isso, mantemos os juros a estes patamares e esperamos por um crescimento mais robusto, ainda que com pressão sobre preços?

Eu provavelmente ainda tenho muito a aprender para palpitar. Mas... Se alguém quiser saber minha opinião: Já passou da hora das mudanças estruturais. Menos burocracia e mais infra-estrutura podem ser uma alternativa a aumentos dos juros ou diminuição dos gastos. Em suma, mais eficiência.

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